quarta-feira, 17 de março de 2010

A Urna Eletrônica e o Fim das Fraudes Eleitorais

As Urnas Eletrônicas Brasileiras, para alguns um orgulho da tecnologia e organização brasileiras para outros um sistema de votação altamente inseguro e fácil de ser fraudado. Onde estará a realidade?

A Urna foi de fato desenvolvida no Brasil, por engenheiros do INPE e CTA, centros estatais de excelência de engenharia, sendo fabricadas por empresas americanas no Brasil.

E quanto ao sistema em si? Bem a Urna é apenas um computador simplificado, com processador, memória, tela e teclado, para uso específico como coletor de votos, que é utilizado por um dia a cada dois anos em média, e tem sido descartado depois de 6 votações.

Assim, de início é um sistema caro e de baixíssima utilização, mas vamos aos benefícios: a Urna Eletrônica permitiria um voto mais fácil ao eleitor, pela interação com o teclado e a tela, onde são apresentados os candidatos de forma mais didática, e contribuiria com a rapidez na apuração, pois encerrada a votação a totalização dos votos é instantânea.

Agora entramos em um ponto altamente polêmico e que é chave para a avaliação do sistema, a questão da SEGURANÇA da Urna Eletrônica.

Da mesma forma que qualquer outro computador, a Urna opera sobre softwares, programas de computador, e aí está o ponto crítico estrutural do sistema.

Um programa pode ser preparado para fazer qualquer coisa com as informações que ele manipula, e a manifestação da decisão do eleitor sobre o teclado, o voto, vai ser registrado nas tabelas internas da Urna pelo programa, é o software que faz o registro. Ou seja, existe uma interrupção de continuidade entre a manifestação do eleitor e o registro final do voto na tabela interna, de onde é retirado o Relatório de Votação de cada Urna.

É como se o eleitor manifestasse seu voto e outra pessoa realizasse o registro final do voto no Relatório de Votação. É um sistema bastante semelhante ao do “voto a bico de pena” da República Velha, onde o eleitor dizia para o mesário seu voto e o mesário anotava no boletim de votação o voto do cidadão, na Urna Eletrônica quem faz a anotação é o programa de computador.

E como o programa chega nas Urnas? Ele tem que ser instalado manualmente e individualmente em cada uma das 400.000 urnas espalhadas pelo Brasil.

E se for instalado clandestinamente em uma ou muitas urnas um programa que registre na tabela interna um voto diferente do que o eleitor votou no teclado?

O problema fundamental da urna é que a memória que fica registrada é a da tabela interna final, assim o resultado de uma verificação de votos será sempre o mesmo, é um sistema que não permite recontagem ou reconferência dos votos dos eleitores, pois a listagem da tabela interna será sempre a mesma, dando o mesmo resultado.

Assim, temos um sistema inacreditável, caso se faça uma alteração no programa interno, não tem como checar ou descobrir fraudes pela contagem final de votos. E esta manipulação do programa poderia ser feita de maneira clandestina dentro ou fora do TSE.

Mas como chegamos a um sistema de votação perfeito para as fraudes?

Bem a história é longa, em 1932 foi criado o TSE, e este foi feito e é até hoje uma instituição com características únicas no Brasil, o TSE acumula as funções de normatizador, executor, fiscalizador e julgador de demandas eleitorais.

E que instituição é esta? Imagine-se o poder concentrado em uma instituição da república, responsável por todas as eleições no Brasil desde 1932. Desde o registro de candidatos, passando pela votação e julgamento de todos os pleitos eleitorais do país.

É o TSE que especifica a Urna, prepara o programa, realiza a eleição, conta os votos, demonstra os resultados, e julga qualquer reclamação sobre o processo que o próprio TSE normatizou e realizou.

Mas vamos voltar a análise técnica das Urnas, podemos citar por exemplo que até os engenheiros que as desenvolveram manifestam que o sistema é inseguro e exposto a fraudes. Podemos verificar também que as Urnas não passam em nenhum protocolo de certificação de segurança que existem a nível internacional. Também não tem nenhum procedimento de auditoria, tampouco qualquer auditoria externa é realizada.

Todo o sistema tem um único atestado de segurança, a garantia do TSE.

Mas teriam outros países sistemas semelhantes ao nosso? A resposta é não.

Dezenas de países já avaliaram nossas Urnas, e todos rejeitaram o sistema por falta de segurança, alguns países e estados inclusive tem leis específicas proibindo sistemas de votação com as características das Urnas Brasileiras.

Ainda que eu mesmo não acredite que ocorram fraudes em todas as eleições, para todos os candidatos, a probabilidade é que existam casos pontuais.

Existiram denúncias de fraude em eleições passadas, todas descartadas pelo TSE, que reiteradamente atesta a segurança do sistema.

Mas o mundo político brasileiro não contesta a estrutura legal e a geringonça em si? Bem o PDT tem tradição nesta crítica, o PT já mais timidamente, agora os demais partidos de perfil conservador tem total confiança no sistema.

Enfim, se você já votou ou vai votar em uma Urna Eletrônica a única certeza que você pode ter é que você não sabe para quem o seu voto foi ou vai ser registrado. A viabilidade técnica de uma fraude é real, e a única garantia é a eficácia absoluta do TSE.

E têm solução então? Claro, primeiro legal-institucional, separando as atribuições hoje do TSE para três instituições independentes, uma para regular, outra executar e a terceira para fiscalizar e julgar o processo.

Também é necessário o requerimento legal, e até óbvio, de que não possa existir interrupção da continuidade entre a manifestação do eleitor e o registro do voto, assim como exigência do sistema de permitir recontagem de votos. Somente estes requerimentos já tornariam obrigatório o descarte das Urnas Eletrônicas, pois as mesmas estruturalmente não cumprem estes requisitos básicos de segurança.

Citando o jornalista e ex-blogueiro Pedro Dória: “No Brasil, sempre houve fraude eleitoral. O que as urnas eletrônicas produziram não foi o fim das fraudes. Foi o fim da investigação das fraudes.”

Leia também:

A Urna Eletrônica e o Voto Secreto

6 comentários:

  1. Este Blog ficou fora do ar por aproximadamente dois dias, por ação própria do Blogger-Google.
    A única explicação inicialmente apresentada pelo serviço de hospedagem foi uma alegada infringência dos Termos de Utilização do Blogger. Sendo que o tal fato ocorreu imediatamente após a publicação deste artigo.

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  2. Fraude Eletrônico e outras & AGUAPÉ

    Prezado Cidadãos Brasileiros,

    FRAUDE é possível em, praticamente, tudo ! ! ! ! ! ! !

    Por essa razão a Equipe BR do AGUAPÉ apresenta um importante ALERTA, em nome da ÉTICA quando apresenta seus Propósitos para a Sociedade Brasileira. Na Manipulação do AGUAPÉ envolve Riscos SÉRIOS que pode levar os indivíduos INEXPERIENTES à sua MORTE. Todo AGUAPÉ pode conter Microorganismos Patogênicos causadores de Infecções GRAVES, muitas vezes FATAIS. Portanto seja Extremamente Cuidadoso ! ! ! ! ! ! !

    A Equipe BR do AGUAPÉ, acredita que só, através da ÉTICA é possível estabelecer o Desenvolvimento SOCIAL & Econômico do Brasil, de FATO, SUSTENTÁVEL. – qualquer outro caminho é SUICÍDO, pois mais cedo ou mais tarde se PAGA pela Opção ERRADA.

    Certamente O QUE MAIS IMPORTA é que a Sociedade Brasileira aprenda a COBRAR com todo o RIGOR as PROMESSAS apresentadas durante a Campanha Eleitoral – é a mais Importante Obrigação / Dever de cada Cidadão Brasileiro.


    NOTA: fica aberto o Seu Espaço para apresentação das suas manifestações (Comentários & Sugestões) – elas serão sempre Bem Vindas e a Sociedade Brasileira em breve AGRADECERÁ por isso.

    ALERTA: NÃO VOTE em POLÍTICOS NÃO-ÉTICOS que PROMETEM e NÃO CUMPREM.

    Um Abraço Fraterno aos Interessados pelo AGUAPÉ,

    MISSAO TANIZAKI
    Fiscal Federal Agropecuário
    Bacharel em Química
    missao.tanizaki@agricultura.gov.br (Com Problemas)
    missao.tanizaki@gmail.com (NOVO)
    Equipe BR do AGUAPÉ
    TUDO POR UM BRASIL & MUNDO MELHOR

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  3. URNA ELETRÔNICA: A FRAUDE ESTÁ SENDO PLANEJADA

    Infelizmente estamos vivendo em plena ditadura eleitoral. A população está totalmente desinformada. São eleitos quem os poderosos querem. As pesquisas de opinião fazem parte de um esquema montado: as urnas eletrônicas são totalmente manipuláveis. Ainda temos uma chance: é através do trabalho de concientização e informação aos eleitores que podemos mudar esta situação. veja www.fraudeurnaseletronicas.com.br

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  4. Ademais da questão da alteração do voto através do programa da urna, agora teremos mais um atentado ao processo de votação brasileiro - a verificação do eleitor por leitura da digital.
    A tradição da democracia está vinculada ao princípio do voto secreto, agora no novo sistema a própria Urna Eletrônica fará a verificação da identidade do eleitor, e na sequência contabilizará seu voto, possibilitando assim a identificação do voto de cada eleitor.
    É o fim do voto secreto nas eleições do Brasil, basta que o programa interno da urna seja preparado para isto.
    E qual a garantia de que o programa não vai ser preparado para fazer isto de maneira clandestina? Novamente é a garantia do TSE.

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  5. Há um jeito de manter as urnas e possibilitar a recontagem: a impressão em papel do voto na hora para que o eleitor verifique se o computador entendeu seu voto direito e a posterior colocação desse papel em outra urna, como as de antigamente. Na dúvida, recontagem (oba os funcionários públicos terão que trabalhar de novo!).
    Mas um problema ainda permanece: nosso voto não é secreto já que o mesário insere o número do eleitor para permitir o voto ou seja, facinho ligar em quem ele votou.
    Se isso tudo é obvio pra mim que não sou nenhuma gênia, como é que a "mídia vendida" não fez campanha contra?

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  6. Em Saquarema-RJ aconteceu um fato muito estranho. Antes das eleições era só andar pelas ruas e perguntar em quem o eleitor iria votar que a resposta era unânime: Pedro Ricardo, candidato da oposição. Pois bem, o rapaz perdeu em todas, eu disse todas as 173 urnas da cidade. Perdeu e perdeu de muito. O mais estranho é que hoje, um mês após as eleições, você vai às ruas e os eleitores continuam unânimes em dizer que votaram em Pedro Ricardo. Seria muito mais cômodo pro eleitor dizer que votou na candidata vitoriosa. Mas não, o eleitor bate o pé afirmando que votou no outro. Curiosamente, é difícil encontrar alguém que confirme que votou na candidata vencedora, que coincidentemente é a esposa do deputado estadual Paulo Melo, presidente da ALERJ. Existem vários relatos da internet e inclusive vídeos no YOUTUBE atestando a vulnerabilidade das urnas eleitorais. Está lá pra quem quiser assistir. O fato é que esse triunvirato: Cabral, Zveiter e Paulo Melo atenta contra a democracia. Todos os poderes encontram-se de um lado só da balança, prejudicando a alternância do poder, principal filosofia da democracia. O fato é que não adianta espernear, pois o TSE, por mais que existam evidências que comprovem, jamais irá admitir fraudes em suas 'caixas pretas'. O ideal seria que a urna eletrônica emitisse, também, um cupom onde mostrasse em quem o eleitor votou. E que esse cupom fosse colocado numa urna tradicional ao lado dos mesários, para fins de comprovação posterior. Uma coisa é certa: nenhum outro país no mundo, depois de examinar, quis comprar nosso ‘avançadíssimo, rápido e moderno' método de escrutínio, nem o Paraguai.

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