sábado, 27 de março de 2010

O Caso Nardoni

O negócio todo foi um desastre.
A partir de um crime comum, o assassinato de uma criança, provavelmente por seus pais, algo sem nenhum ineditismo, desenrolou-se uma trama mais que abjeta.
Os grandes meios de comunicação do país, principalmente as empresas de televisão iniciaram um "processo", pautado e conduzido por estas mesmas empresas, fomentando uma comoção nacional de graves dimensões.
Ao utilizar-se de um crime para gerar audiência, nada mais fez que tripudiar sobre o cadaver da pobre menina, sobre uma tragédia familiar.
A justiça prescinde deste tipo de carnavalização, agora o que as TVs fizeram para atingir seus objetivos comerciais coloca em evidência as suas entranhas.
As empresas de comunicação fomentaram uma comoção seletiva, escolhendo um alvo, montaram a estratégia de acusação, massificaram a imagem negativa acerca dos pais, firmaram a convicção de culpabilidade, intencionalidade, forjaram um caráter malévolo dos acusados.
Construiram um veredicto, culparam previamente os pais, e aplicaram a pena: os pais foram execrados publicamente a nível nacional.
Tudo isto bem antes de concluídas as apurações, antes do julgamento legal.
A imprensa mostou a que veio, mostrou seu poder, seu autoritarismo, mostrou que vivemos em um regime de exceção, onde o auto aclamado quarto poder, acusa , julga e condena.
Tudo isto feito lá nos primeiros momentos depois do crime, já agora na hora do julgamento tentaram salvar sua imagem fazendo uma cobertura um pouco mais técnica e equidistante, seus objetivos já haviam sido atingidos, o experimento de manipulação social deu certo, os dois já estavam condenados muito antes do promotor montar a peça de acusação.
E no final contaram com a ajuda de um advogado falastrão e pouco técnico, e de um promotor bem preparado.
De tudo o que restou foi um crime comum, situação até trivial de agressão intrafamiliar, grave, mas longe de inusitada.
Fora do comum foi a ação das empresas privadas de comunicação, que desnudaram seu autoritarismo, poder de manipulação, agressividade seletiva, sua capacidade de linchamento extrajudicial.
O sensacionalismo exacerbado, onde até em programas de culinária estavam esfolando os acusados, mostrou a ética dos que se utilizam de um concessão pública, da liberdade de expressão, para fins eminentemente privados de interesse comercial e de exercícios de poder sobre a população e sobre a justiça, conseguindo inclusive a coação de juízes, que não concederam habeas corpus que em situação semelhantes seriam trivialmente emitidos.
É de dar medo, o poder concentrado em algumas corporações privadas, que os utilizam sem nenhuma limitação, evocando a indignação popular de cunho até violento, tudo isto por sobre uma conceção pública, é a ditadura do poder midiático, que hoje lincha um casal, ou uma família, amanhã pode ser qualquer um, um governo eleito, um indivíduo, uma instituição, o que seja, e sem viabilidade de uma contestação no mesmo nível, e o alvo do ataque definido apenas pelo interesse empresarial.
Já vimos estes ataques outras vezes, que foram direcionados indiscriminadamente, seja a alvos com "culpa no cartório" seja inocentes, sem nos esquecermos de criminosos pesadíssimos que foram poupados e esquecidos ou até defendidos.
Ou seja é um imenso poder privado, sem controle público ou institucional, plenamente ativo e engajado em defesas e ataques macissos conforme seus próprios critérios.
Vivemos um regime de exceção, debaixo de um poder com armas de destruição em massa, governos e indivíduos são reféns.
Assim, teria sido feita justiça? Quanto aos Nardoni, talvez. Mas o caso Nardoni não pode ser visto apenas por um episódio familiar, foi um evento nacional, de cunho polítio midiático, onde o casal era apenas figurante, os atores e a peça eram o grande jogo do domínio sobre a informação e sociedade.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A Urna Eletrônica e o Fim das Fraudes Eleitorais

As Urnas Eletrônicas Brasileiras, para alguns um orgulho da tecnologia e organização brasileiras para outros um sistema de votação altamente inseguro e fácil de ser fraudado. Onde estará a realidade?

A Urna foi de fato desenvolvida no Brasil, por engenheiros do INPE e CTA, centros estatais de excelência de engenharia, sendo fabricadas por empresas americanas no Brasil.

E quanto ao sistema em si? Bem a Urna é apenas um computador simplificado, com processador, memória, tela e teclado, para uso específico como coletor de votos, que é utilizado por um dia a cada dois anos em média, e tem sido descartado depois de 6 votações.

Assim, de início é um sistema caro e de baixíssima utilização, mas vamos aos benefícios: a Urna Eletrônica permitiria um voto mais fácil ao eleitor, pela interação com o teclado e a tela, onde são apresentados os candidatos de forma mais didática, e contribuiria com a rapidez na apuração, pois encerrada a votação a totalização dos votos é instantânea.

Agora entramos em um ponto altamente polêmico e que é chave para a avaliação do sistema, a questão da SEGURANÇA da Urna Eletrônica.

Da mesma forma que qualquer outro computador, a Urna opera sobre softwares, programas de computador, e aí está o ponto crítico estrutural do sistema.

Um programa pode ser preparado para fazer qualquer coisa com as informações que ele manipula, e a manifestação da decisão do eleitor sobre o teclado, o voto, vai ser registrado nas tabelas internas da Urna pelo programa, é o software que faz o registro. Ou seja, existe uma interrupção de continuidade entre a manifestação do eleitor e o registro final do voto na tabela interna, de onde é retirado o Relatório de Votação de cada Urna.

É como se o eleitor manifestasse seu voto e outra pessoa realizasse o registro final do voto no Relatório de Votação. É um sistema bastante semelhante ao do “voto a bico de pena” da República Velha, onde o eleitor dizia para o mesário seu voto e o mesário anotava no boletim de votação o voto do cidadão, na Urna Eletrônica quem faz a anotação é o programa de computador.

E como o programa chega nas Urnas? Ele tem que ser instalado manualmente e individualmente em cada uma das 400.000 urnas espalhadas pelo Brasil.

E se for instalado clandestinamente em uma ou muitas urnas um programa que registre na tabela interna um voto diferente do que o eleitor votou no teclado?

O problema fundamental da urna é que a memória que fica registrada é a da tabela interna final, assim o resultado de uma verificação de votos será sempre o mesmo, é um sistema que não permite recontagem ou reconferência dos votos dos eleitores, pois a listagem da tabela interna será sempre a mesma, dando o mesmo resultado.

Assim, temos um sistema inacreditável, caso se faça uma alteração no programa interno, não tem como checar ou descobrir fraudes pela contagem final de votos. E esta manipulação do programa poderia ser feita de maneira clandestina dentro ou fora do TSE.

Mas como chegamos a um sistema de votação perfeito para as fraudes?

Bem a história é longa, em 1932 foi criado o TSE, e este foi feito e é até hoje uma instituição com características únicas no Brasil, o TSE acumula as funções de normatizador, executor, fiscalizador e julgador de demandas eleitorais.

E que instituição é esta? Imagine-se o poder concentrado em uma instituição da república, responsável por todas as eleições no Brasil desde 1932. Desde o registro de candidatos, passando pela votação e julgamento de todos os pleitos eleitorais do país.

É o TSE que especifica a Urna, prepara o programa, realiza a eleição, conta os votos, demonstra os resultados, e julga qualquer reclamação sobre o processo que o próprio TSE normatizou e realizou.

Mas vamos voltar a análise técnica das Urnas, podemos citar por exemplo que até os engenheiros que as desenvolveram manifestam que o sistema é inseguro e exposto a fraudes. Podemos verificar também que as Urnas não passam em nenhum protocolo de certificação de segurança que existem a nível internacional. Também não tem nenhum procedimento de auditoria, tampouco qualquer auditoria externa é realizada.

Todo o sistema tem um único atestado de segurança, a garantia do TSE.

Mas teriam outros países sistemas semelhantes ao nosso? A resposta é não.

Dezenas de países já avaliaram nossas Urnas, e todos rejeitaram o sistema por falta de segurança, alguns países e estados inclusive tem leis específicas proibindo sistemas de votação com as características das Urnas Brasileiras.

Ainda que eu mesmo não acredite que ocorram fraudes em todas as eleições, para todos os candidatos, a probabilidade é que existam casos pontuais.

Existiram denúncias de fraude em eleições passadas, todas descartadas pelo TSE, que reiteradamente atesta a segurança do sistema.

Mas o mundo político brasileiro não contesta a estrutura legal e a geringonça em si? Bem o PDT tem tradição nesta crítica, o PT já mais timidamente, agora os demais partidos de perfil conservador tem total confiança no sistema.

Enfim, se você já votou ou vai votar em uma Urna Eletrônica a única certeza que você pode ter é que você não sabe para quem o seu voto foi ou vai ser registrado. A viabilidade técnica de uma fraude é real, e a única garantia é a eficácia absoluta do TSE.

E têm solução então? Claro, primeiro legal-institucional, separando as atribuições hoje do TSE para três instituições independentes, uma para regular, outra executar e a terceira para fiscalizar e julgar o processo.

Também é necessário o requerimento legal, e até óbvio, de que não possa existir interrupção da continuidade entre a manifestação do eleitor e o registro do voto, assim como exigência do sistema de permitir recontagem de votos. Somente estes requerimentos já tornariam obrigatório o descarte das Urnas Eletrônicas, pois as mesmas estruturalmente não cumprem estes requisitos básicos de segurança.

Citando o jornalista e ex-blogueiro Pedro Dória: “No Brasil, sempre houve fraude eleitoral. O que as urnas eletrônicas produziram não foi o fim das fraudes. Foi o fim da investigação das fraudes.”

Leia também:

A Urna Eletrônica e o Voto Secreto

domingo, 7 de março de 2010

Programa de desenvolvimento do Submarino Nuclear Brasileiro

No dia 2 de março, às 10h, no auditório do Centro de Convívio dos Meninos do Mar (CCMar), o coordenador do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Prosub), almirante-de-esquadra José Alberto Accioly Fragelli, fez uma palestra sobre o assunto, dirigida aos militares, autoridades e pessoas da comunidade interessadas.

Por Gilberto Rezende:

Primeiro o PLANO da Marinha do Brasil é construir 6 (SEIS) submarinos nucleares. Em três áreas de patrulha oceânicas e cada uma de responsabilidade de dois submarinos.

O Almirante confirmou a finalização da USEXA (usina de conversão de gás de urânio) em junho e o fechamento do ciclo nuclear completo em nível industrial.

O LABGENE que é a planta do reator nuclear piloto em terra está em andamento e será encerrada em 2014. Destacou que este passo é essencial para que o Brasil não repita os insucessos da França e da Índia que partiram diretamente para o seu primeiro submarino nuclear sem fazer o reator piloto em terra.
Segundo ele a Índia ano passado foi simplesmente incapaz de montar seu reator no interior do casco do seu submarino e a França (quando da construção do seu primeiro submarino nuclear) teve problemas tão graves de projeto que acabou por abandona-lo com apenas um ano e meio de vida operacional e a França teve que suportar o prejuízo total de seu primeiro projeto de submarino nuclear… E partir para a segunda tentativa…

Este reator do LABGENE servirá de base tanto para projetar os 6 reatores para os submarinos como para os 3 primeiros reatores civis na faixa de 600 a 800 MW (Angra I tem 1.000 MW) e serão construídos, pelo planejamento da Nuclebrás, após a conclusão de Angra III. O plano é que no futuro as novas plantas nucleares civis brasileiras sejam de projeto brasileiro apenas, sem mais aquisições de usinas no exterior.

Foi informado na palestra que as duas atuais usinas civis brasileiras usam urânio enriquecido de 3,2 a 4% e que o reator do submarino atômico brasileiro usará urânio enriquecido a 7% e que deverá ter a necessidade cíclica operacional de ter seus elementos combustíveis nucleares totalmente substituídos de quatro em quatro anos.

As imagens e planos exibidos na palestra mostraram dois diques TOTALMENTE COBERTOS para atender a duas embarcações submarinas nucleares ao mesmo tempo na chamada ILHA NUCLEAR onde os futuros submarinos nucleares serão construídos, receberão manutenção e onde se processará a troca do elemento combustível do reator quando necessário. Ela deverá ser construida num recorte da encosta e será instalada sobre leito firme de rocha ao contrário do resto do complexo que será feito sobre aterro e plataformas sobre o mar.

Foi explicado que o projeto da base e estaleiro de Itaguaí teve um processo EXTREMAMENTE COMPLEXO de licenciamento ambiental e licenciamento nuclear na CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e as múltiplas exigências fizeram que o projeto tivesse 24 variações de lay-out até a aprovação final e mesmo com as primeiras obras do estaleiro/base de Itaguaí tendo sido iniciadas em fevereiro (sem cerimônia oficial ainda) a parte da chamada ILHA NUCLEAR, que é o coração do projeto, ainda não teve a licença final da CNEN deferida. O que deve ocorrer ainda neste primeiro semestre de 2010.

O Estaleiro/Base ficará a cerca de 4 Km da Nuclep que é responsável pela construção das grandes seções cilindricas do casco submarino e uma unidade de integração de unidades metálicas ficará na área da Nuclep onde uma substancial parte de itens do submarino serão incorporadas nas seções feitas ali mesmo na Nuclep e seguirão por uma via reforçada até ao túnel de acesso do Estaleiro/Base que será grande o suficiente para possibilitar o acesso seguro das seções de submarino ao complexo.

Face ao período muito curto de troca dos elementos combustíveis nucleares nos modelos brasileiros, comparativamente em relação aos modelos americanos, ingleses e franceses, uma boa parte do esforço de engenharia do projeto do reator naval brasileiro estará se dando no sentido de permitir a troca dos elementos combustíveis num tempo bem mais curto que o normalmente é conseguido nos modelos de outras origens. A realização bem sucedida desta característica do projeto será essencial para permitir a maior operacionalidade possível da frota submarina nuclear que o Brasil pretende construir. Foi dito que quando a base estiver operacional tanto os submarinos convencionais como a própria força de submarinos da marinha sairão da Base de Mocanguê em Niteroi e passarão para Itaguaí… Como mostrado nos modelos tridimensionais do projeto onde uma das TAGs apontava um prédio como COMANDO DA FORÇA DE SUBMARINOS.

Outra imagem mostrou que o projeto brasileiro será de um hélice propulsionado por dois motores elétricos de propulsão. Portanto a energia nuclear será usada para mover uma turbina que movimentará um gerador elétrico para gerar força aos motores elétricos de propulsão.

Outras informações relevantes:

Sobre as ultracentrífugas brasileiras foi destacado que, sem qualquer ufanismo, elas são o melhor equipamento disponível a nível mundial e o maior segredo tecnológico militar-civil do Brasil. Sem obviamente detalhar seu funcionamento foi explicado que duas características básicas as tornam tão superiores ao modelos de outras nações:

1) seu motor eletromagnético de base que sustenta, alinha e ao mesmo tempo rotaciona o cilindro interno da centrífuga que é o verdadeiro “ovo de colombo” do sistema.

2) o próprio cilindro interno da centrífuga nacional que ao contrário do modelo original estrangeiro sobre que a Marinha se baseou no seu projeto que era de alumínio e pesava 7 Kg, nosso modelo nacional é feito de fibra de carbono e pesa apenas 700g!!!

Código secreto:
Talvez o grande segredo seja o que não foi falado, como se faz para rotacionar magneticamente um cilindro de fibra de carbono que supostamente é amagnético…

Destas características decorre que seu funcionamento, sem qualquer atrito mecânico significativo, torna virtualmente desnecesária a sua substituição operacional em tempo previsível. Isto significa que foi dito que a primeira centrífuga 100% operacional está em serviço CONTÍNUO a 20 anos em Aramar sem queda observável do seu desempenho original. O cilindro de fibra de carbono por ser 10 vezes mais leve que o similar metálico (e no mínimo tão resistente estruturalmente) demanda muito menos energia para seu acionamento e no caso improvável de falha durante o regime de plena rotação, a menor massa do cilindro interno em relação ao cilindro externo resulta que um acidente neste tipo de construção não tem o mesmo efeito catrastófico de uma falha de uma centrífuga mecânica onde a parte que é cineticamente girada pesa 10 vezes mais. Foi declarado que em geral as ultracentrífugas mecânicas usados por outros países rotacionam na faixa de 30/35 mil RPM (rotações por minuto) e a última geração das centrífugas brasileiras estariam atinguindo cerca de 66 mil RPM.

Citação:
Observação minha, as ultracentrifugas brasileiras por sua durabilidade/estabilidade virtualmente plena fariam assim ser praticamente desnecessárias as constantes paradas para substituição de mancais/centrífugas dos modelos mecânicos e PRINCIPALMENTE o tenso controle contínuo de desempenho de cada elemento individual exigido na operação das cascatas mecânicas (para evitar-se acidentes que levem a um colapso catastrófico em série) seja incomparavelmente menos crítico nas cascatas de ultracentrífugas por levitação magnética de projeto brasileiro.
Em cascatas de 3 a 4 mil ultracentrífugas como, por exemplo, as atuais da usina iraniana de NATANZ que já chegou a possuir no passado até 8.700 centrífugas, o lixo atômico gerado pelas ultragentrífugas que tem de ser substituídas e o custo econômico de substituí-las para manter o nível operacional da intalação torna o custo de operação industrial extremamente elevado e o fluxo de produção industrial intermitente.

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=69092

Quanto ao trabalhos de engenharia o Almirante Fragelli relatou que a Marinha apartir de agosto de 2010 mandará 4 turmas de 20 engenheiros (uma a cada 6 meses) e cada turma ficará em na França por 18 meses fazendo cursos sobre construção de submarinos e sistemas de submarinos nucleares (exceto propulsão). Um gráfico apresentado de emprego de engenheiros navais no projeto prevê um pico de mais de mais de 400 engenheiros navais empregados no programa PROSUB em 2016. Mas relatou que o gráfico refere-se unicamente a primeira unidade a ser produzida a ser entregue em 2020/21, assim que seja decidido a construção das demais unidades este numero poderá ser estabilizado próximo a este nível por um grande período.

Outra informação MUITO INTERESSANTE foi que atualmente a Engepron só pode contratar engenheiros navais para remuneração de 1.900 reais por mês… O que obviamente colide com o objetivo de contratar excelentes profissionais para se construir um submarino nuclear…
Por isso ainda este semestre a MB e o GF madarão uma lei para o congresso uma lei para criação de uma empresa estatal que se chamará AMAZUL (AMAZônia AZUL) que ficará responsável pela contratação dos engenheiros navais com salários a preço de mercado para trabalhar para o PROSUB, sobre este ponto o Almirante Fragelli dirigiu-se (após a palestra) aos jovens que compõe este ano a primeira turma do curso de Engenharia Naval que a FURG passa a oferecer (universidade federal local) que foram assistir a palestra para que estudem com afinco pois a necessidade da MB é tão grande que a USP e UFRJ (os dois tradicionais cursos brasileiros) não terão capacidade de, sozinhas, fornecer a quantidade de engenheiros navais que serão necessárias a MB (e não só ao programa PROSUB) e que ele está trabalhando para que estas vagas sejam disponibilizadas para uma atividade de ponta e bem remunerada.

Não foi dada nenhuma informação sobre os armamentos do submarino e foi citado que a marinha, a princípio, desistiu da construção de estações de VLF para envio de mensagens aos submarinos nucleares pelo custo elevado, por ser unidirecional (o navio não pode responder em VLF), estar em via de desuso pelos EUA e França e porque possivelmente depois de 2020 (quando a primeira unidade ficar pronta) o país deverá já dispor de um sistema orgânico de comunicação satélite militar.
Além da própria construção do submarino foi declarado que ainda está em estudo preliminar de que forma será modelada a carreira dos militares que servirão nestas unidades, requisitos, cursos e por que tempo. Que terá que ser diferenciada e ter estímulos específicos. Mas encontra severas restrições nas leis que regem a remuneração militar geral que teram de ser vencidas ou contornadas.

Veja também:
Submarino Nuclear Brasileiro – Projeto de País
Submarino Nuclear Brasileiro – Sistema de Armas
País Pode Dominar o Ciclo Nuclear Ainda em 2010
O Tratado De Não Proliferação Nuclear e o Brasil
O Significado da Ação do Brasil no Acordo com o Irã de Troca de Material Nuclear
Brasil Potência - Como Conquistar uma Cadeira no Conselho de Segurança da ONU

Sobre Presidentes e Ministros da Fazenda

Do Blog do Luis Nassif em 05/03/2010

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/03/05/sobre-presidentes-e-ministros-da-fazenda/

José Serra tenta retomar o discurso programático. Ontem, o discurso no centenário de Tancredo. Hoje, a antecipação de algumas ideias econômicas, especialmente o combate à apreciação cambial.

Seja quem for o presidente – Serra ou Dilma, provavelmente não com Aécio – a apreciação cambial será combatida. Quem é oposição pode ser mais explícito; que é governo, menos. Mas não há diferenças de posição nesse item.

O que compromete Serra não são suas ideias econômicas. É algo mais substantivo.

A gestão Lula mostrou um outro padrão de governabilidade, que vai além do econômico, e muito além do câmbio. Trata-se de reconstrução política e institucional brasileira, na qual a economia é uma perna importante – mas restrita.

Quem tiver boas ideias apenas nessa área, é candidato a Ministro da Fazenda, não a presidente.

A governabilidade pressupõe o exercício permanente da tolerância e da redução de pontos de fricção partidários, de classe ou regionais. Exige um olhar sistêmico sobre o país, a capacidade de ver todas as pontas, de identificar as linhas de menor resistência, de saber negociar no plano partidário e federativo, de somar, ouvir.

Mais: exige planejamento, gerenciamento, identificação dos fatores fundamentais de progresso. Sem esse arcabouço institucional novo, se ficará apenas no campo dos conceitos e do discurso vazio.

Quando o governo assumiu e se meteu em um sem-números de conselhos (CDES, conselhos sociais etc.) a visão dominante, tecnocrática, era a de que jamais sairia do assembleísmo.

Aos poucos – especialmente depois que o governo se reorganizou no pós-mensalão – começaram a emergir ideias e quadros de todos os lados, graças a esse modelo. O Bolsa Família ganhou consistência, o PAC retomou as tentativas de articulação do Brasil Em Ação – belíssima experiência do José Paulo Silveira, que falhou por falta de presidente da República -, corrigiu erros, permitiu avanços.

Tudo isso porque, paralelamente ao discurso político, havia um processo de reconstrução institucional feito com agentes vivos e atuantes, e não apenas em um pedaço de papel.

Construção institucional
Lula entrou com a sabedoria política: a ação federal só é eficaz quando há colaboração de estados e municípios; e só se consegue essa colaboração quando se repartem ganhos políticos igualmente.

Dado o princípio, havia a necessidade de montar o arcabouço institucional capaz de colocar as ideias em prática.

É aí que se sobressai a ação de Dilma Rousseff. A discussão boba sobre ter ou não ter diploma, sobre maior ou menor experiência administrativa, esconde o essencial: Dilma foi responsável por dois dos maiores feitos de reconstrução institucional brasileira. A biografia administrativa de Serra é o oposto: a total inação para grandes mudanças institucionais. Sua grande contribuição se deu no plano parlamentar. Foi um grande deputado, especialmente na Constituinte, graças à ação individual de um dos maiores nomes da economia brasileira: o economista José Roberto Afonso.

A velha mídia sempre teve um fascínio mítico pelas reformas no plano das leis. Jamais conseguiu entender as reformas no plano administrativo e institucional.

O primeiro feito institucional de Dilma foi o modelo elétrico que salvou o setor do desastre desregulamentório do governo FHC.

Sobre o modelo elétrico, escreverei amanhã.

O segundo feito foi a modelagem institucional dos programas federais – PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), saneamento, habitação.

Primeiro, definiu-se o papel de cada ente federativo. À União, caberia a regulamentação, os recursos e a fiscalização. Aos estados, as obras estaduais. Aos municípios, as municipais, trabalhando em conjunto com os estados.

Depois, conversas exaustivas para identificar problemas potenciais e – principalmente – o modelo de atuação mais eficiente, os instâncias de discussão, os modelos de acompanhamento do governo (para não perder o controle na ponta).

O modelo habitacional
O programa habitacional forneceu um exemplo graúdo da distância quilométrica entre esse novo modelo e o pensamento burocrático de Serra.

Montou-se o modelo e o governo federal disponibilizou recursos para um milhão de moradias populares. Mais: removeu fatores que poderiam inviabilizar o acesso da baixa renda às moradias.

Depois, disse a estados e municípios: organizem-se e venham buscar os recursos. Imediatamente, colocou em marcha uma movimentação nacional, descentralizada, de prefeitos, governadores, empresários locais ou nacionais.

Criou-se uma competição virtuosa, que permitirá atingir (ou não) as metas. Pelas informações, o primeiro milhão de casas populares será atingido em breve.

Qual foi a reação de Serra? Criticou o fato do governo não ter definido prazo para construir esse um milhão de casas. A CDHU, de São Paulo, disse ele, trabalha de forma centralizada e com prazos. Um varejinho para pequenos problemas, sem grandeza para encarar desafios da magnitude de se construir um milhão de moradias populares.

Mostrou incapacidade de analisar sequer modelos gerenciais; muito menos uma construção de alta complexidade, que é casar a gerência com as variáveis políticas de um país de um federalismo incompleto. É uma visão tecnocrática e não gerencial da administração pública.

O que se está vendo, no plano nacional, é o resultado desse modelo: inaugurações de obras em que aparecem presidente da República e governador do estado; prefeitos usando obras com recursos federais para suas campanhas políticas; governadores fazendo campanha com essas obras; até o infausto Sérgio Guerra atuando dessa maneira.

Esse modelo de articulação do PAC tornou-se padrão. Na primeira fase resultou em processos semelhantes no Ministério de Ciência e Tecnologia, Agricultura, Saúde, dentro da ideia de cada Ministério definir as ações do setor de forma interministerial, envolvendo outros ministérios e departamentos.

Percebeu-se que nenhum ministério conseguiria sozinho essa coordenação. Provavelmente um PAC 2 integrará todas essas ações em um PAC único.

Independentemente do resultados das eleições, quando baixar a poeira desse passionalismo, dessa exacerbação maluca a que a opinião pública foi levada pela velha mídia, emergirá a figura de uma das grandes ministras da história republicana.

Serra e o não exercício da gestão
Serra teve a maior vitrine que qualquer candidato a presidente poderia aspirar: o governo de São Paulo. Fazer uma revolução em São Paulo é imensamente mais fácil que no Brasil.

O Brasil é díspare; São Paulo é homogêneo. Pactos políticos são mais fáceis em São Paulo. Um governador com visão de futuro teria à sua disposição os melhores quadros do país para articular grandes movimentos de modernização: os melhores institutos, as melhores universidades, as maiores empresas nacionais, a melhor estrutura sindical (Fiesp/CIESP, centrais sindicais, Sebrae), as melhores associações empresariais, as melhores cidades médias, a melhor infra-estrutura, massa crítica de pensadores, organizações sociais, órgãos exemplares de financiamento da pesquisa.

Imagine essas forças sendo articuladas para um plano de disseminação de inovação nas empresas paulistas. Ou um plano de melhoria do valor agregado das exportações paulistas. Ou uma ação integrada, com todos os setores, visando reduzir a criminalidade ou melhorar a assistência social.

Nada se fez, nada. Um governante sem a menor gana de deixar uma herança para o futuro, de ambicionar a ser um Estadista.

Apenas se deu continuidade a obras, como um mero Maluf com apoio da mídia.

As melhores empresas de São Paulo insistiram em bancar, com recursos próprios, programas de qualidade. Serra só aceitou porque eram grandes empresas. Jamais acreditou em gestão e matou os programas por desinteresse.

No campo das articulações com forças sociais e econômicas, foi um governo que se isolou de tudo ou de todos.

Na crise de 2008, só aceitou receber associações empresariais seis meses depois do pedido de audiência, quando algumas delas se reuniram com centrais sindicais e ameaçaram manifestações na porta do Palácio.

Permitiu que a greve da Polícia Civil chegasse às vias do confronto e, depois, aceitou todas as reivindicações.

Administrando a mídia
Seu modelo de gestão consistia unicamente em tentar administrar o noticiário da mídia, com uma obsessão sem paralelo. Qualquer linha torta, qualquer pergunta não programada, tirava o governador de suas funções administrativas, para ligar para chefes de redação, não poucas vezes exigindo a cabeça dos jornalistas.

Em reuniões com secretários, chegou a admitir que gastava três horas por dia acompanhando o noticiário dos jornais.

Mais que isso. Junto com a velha mídia criou um clima de macartismo, de virulência, de baixarias que jamais havia presenciado em 40 anos de jornalismo.

A maneira como articulou jornalistas de esgoto para fuzilar companheiros, para atacar aliados e adversários, a ação deletéria de seu Secretário de Comunicação, ameaçando jornalistas nas redações da própria velha mídia, compõem um conjunto inédito de ameaças à liberdade de opinião.

É até piada considerar que a ameaça venha de conselhos populares.

Essa falta de empenho em criar modelos de atuação, gerou um paradoxo.

Em um modelo neoliberal, em que o governante não dispõe de estrutura de Estado para atuar, o caminho alternativo é o da coordenação dos agentes sociais e econômicos do Estado.

Em um modelo autárquico, o governo é centralizador e só sabe agir com ferramentas de Estado.

Em um modelo pragmático, casam-se estado e articulação.

Serra governou privatizando como um neoliberal e tentando gerenciar como um ente autárquico – sem estatais. Virou um samba maluco. Privatizou a Nossa Caixa para investir em obras viárias. Depois, descobriu que não sabia fazer nada que não fosse através de estatais. Toca criar uma Agência de Desenvolvimento para… emprestar dinheiro. Sem ter departamento de crédito ou estrutura de agências.

As indecisões produziram desastres. São Paulo perdeu um banco que poderia ter uma função relevante para políticas de desenvolvimento e esmagou as possibilidades da CESP. Enquanto a Cemig se tornava uma das grandes empresas nacionais, a indecisão do governador esmagou a CESP. Quatro anos pensando em privatizá-la. Não privatizou e matou quatro anos de planejamento e de expansão da empresa. Conseguiu a pior síntese: um governo centralizador e inerte.

Não é à toa que, na semana passada, fez um balanço parcial do que o governo de São Paulo fez contra a crise… antes de vender a Nossa Caixa. E mereceu uma emérita gozação de Lula que explicou que comprou a Nossa Caixa para utilizá-la para enfrentar a crise.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Partido da Grande Mídia

Da Carta Maior por Bia Barbosa:

Grande mídia organiza campanha contra candidatura de Dilma

Em seminário promovido pelo Instituto Millenium em SP, representantes dos principais veículos de comunicação do país afirmaram que o PT é um partido contrário à liberdade de expressão e à democracia. Eles acreditam que se Dilma for eleita o stalinismo será implantado no Brasil. “Então tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução dos meios de comunicação. Temos que ser ofensivos e agressivos, não adianta reclamar depois”, sentenciou Arnaldo Jabor.
Bia Barbosa
Se algum estudante ou profissional de comunicação desavisado pagou os R$ 500,00 que custavam a inscrição do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, organizado pelo Instituto Millenium, acreditando que os debates no evento girariam em torno das reais ameaças a esses direitos fundamentais, pode ter se surpreendido com a verdadeira aula sobre como organizar uma campanha política que foi dada pelos representantes dos grandes veículos de comunicação nesta segunda-feira, em São Paulo.

Promovido por um instituto defensor de valores como a economia de mercado e o direito à propriedade, e que tem entre seus conselheiros nomes como João Roberto Marinho, Roberto Civita, Eurípedes Alcântara e Pedro Bial, o fórum contou com o apoio de entidades como a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANER (Associação Nacional de Editores de Revista), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade). E dedicou boa parte das suas discussões ao que os palestrantes consideram um risco para a democracia brasileira: a eleição de Dilma Rousseff.


Comentário EngaJarte:

O tal Instituto Millenium é a versão carnavalizada de uma cervejaria de Munique.

E como o pessoal que estava lá é bastante informado e possuidores de certo nível cultural, como entender toda esta verve preconceituosa, sectária e manipulada? Ora pois, trata-se de um manifesto político, o lançamento de um partido de extrema direita.

Bem, claro que o cume do partido não precisa de uma reunião pública para fazer qualquer combinação, eles se "freqüentam".

Qual o sentido então? Mais uma vez foi a manifestação da diretriz política que os líderes (como em qualquer agremiação de extrema direita) comunicou aos seus subalternos militantes, claro que em geral são militantes profissionais, pois qualquer outra pessoa que precise trabalhar, ou mesmo tenha algo de valor em sua vida, não vai cair de militante gratuito somente para aumentar o butim de dinheiro ou poder de meia dúzia de donos de grandes empresas privadas, mesmo eles sendo do ramo da comunicação.

E o palhaço do Palocci? Que é que este homem estava fazendo lá? Além de ser espinafrado, humilhado e injuriado? Para que ir até lá para ver sua obra, seu governo, seu partido ser vilipendiado e caluniado? Para que submeter-se a tamanha humilhação?

Da pena de ver alguém se prestando a este papel.

Isto também tem sua lógica, um cara que insiste em apresentar-se como intermediário confiável dos interesses daquele pequeno grupo de empresários, assim como fora para a outra meia dúzia de empresários financistas quando tinha poder real nas mãos.

E lembrar que foram aqueles mesmos empresários que alimentaram o flagrante do doutor pegando profissionais em uma house em Brasília. Mas não é por esta e outras que um cristão vai ficar guardando rancor. Uma coisa dessas nunca mais vai acontecer, aquele pessoal não costuma descartar tão fácil seus servidores de perfil canino, eles valorizam...

Mas vale a pena criar um partido com esta fachada? Claro que não, pois é muito mais fácil e barato subcontratar políticos, analistas e jornalistas de qualquer outro partido ou facção para sustentar seus interesses, pois a extrema direita não tem voto, fundar partido para não ter voto é furada, e estes senhores (os empresários, claro) já são maduros e calejados neste jogo.

Então por que tanto fuzuê, tanta macumba, reuniãozinha com militantes, aliás uma baixaria a militância querendo ser mais realista que o rei para impressionar o patrocinador.

O mote deste encontro-comício, é o de mostrar aos de fora que “a nossa força é nossa união”, e que dispomos de uma cachorrada amestrada e raivosa pronta para ser solta. Foi a reunião para mostrar as armas, manter a pressão, que tão bem funcionou com o Lula, o conciliador.

Foi a oportunidade de mostrar “quem somos”, como estamos, nossos vínculos internacionais, nosso poder de fogo, e o proto-discurso em favor da liberdade de "nossa" imprensa.

Mas o ponto fundamental é o momento, este pessoal já tem amplo reconhecimento de seu Hard Power, e nas altas estratégias da política, quem tem força não necessita demonstrar ostensivamente, isto é contraproducente.

É que este grupo político-econômico está sentindo os ventos da mudança social, seu enfraquecimento relativo dentro do espectro de forças, esta minguando sua audiência, seu modelo de negócio já está em franco declínio, assim, o negócio é virar a mesa, chega de jogar pelas regras do jogo.

O pessoal está sentindo-se frágil e acuado, no limiar de alguém decidir de uma hora para outra cortar a publicidade oficial e outros contratinhos, de um salve geral para as empresas de telecomunicação, da blogolândia independente tomar mais corpo, de diretrizes da Confecon virarem leis, da banda larga pública.

Parece que estamos a um pulo de alguém acertar um golpe na cabeça da víbora, e assim quase sem esforço.

Ou seja, é o fim do mundo, o desespero já está ficando aparente, ou a extrema direita parte para uma desestabilização social e golpe, ou como creêm os "milenaristas escatológicos" teremos mil anos de abundância e felicidade.

“Coronel Redl”, de István Szabó, 1985

  “Coronel Redl”, de István Szabó, 1985 – Império Austro-húngaro, final do século XIX, início do século XX. Um menino de origem humilde, Alf...