segunda-feira, 20 de maio de 2024

Como Vencer na Grande Política: Classes sociais e suas lutas

 A vitória na política não é fruto do acaso e tão pouco de um destino histórico, é o resultado das movimentações das classes sociais. O campo onde se dá o embate de forças sempre está aberto ao novo, mas só vence quem entende as regras da luta e entra para vencer, nós da classe trabalhadora só temos o caminho do engajamento na grande disputa da política para traçar os rumos da nossa história. Realizaremos isto tomando nossa própria missão como classe revolucionária por dentro do sistema do capital.



Vivemos o crepúsculo do capitalismo no alvorecer do século XXI, descrever as regras da luta e o método para construir a nossa vitória é o ponto de partida deste livro.

O ponto de chegada é um manual para a realização da luta de classes de forma prática e objetiva com a atitude do forte, aquele que luta para fazer o seu destino sem nada temer.

Partindo da realidade para a realidade, seguindo o método dialético aplicado à materialidade do concreto no processo histórico. Visamos levar o leitor a navegar pelos fluxos do rio da vida, superando a tentativa de apenas flutuar, deixando para trás um nadar sem rumo na escuridão para tomar conta do barco da fortuna e singrar as correntes do devir com objetivo político certeiro, seguindo seus instintos com inteligência e dando forças à sua vontade de potência.

O devir, ou fluxo histórico dinâmico, não tem início ou fim, o tempo é eterno e se desenvolve sobre bases materiais reais, os eventos não surgem por geração espontânea, nem por simples evolução, tão pouco por predestinação. A construção das circunstâncias históricas para a transformação revolucionária é a nossa principal missão política junto à nossa classe trabalhadora.

Este livro pode ser adquirido no site da Editora Appris:

Como Vencer na Grande Política: Classes sociais e suas lutas

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Agricultura não pode ser catástrofe, nem energia provocar desindustrialização

 Segundo estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, nos últimos 60 anos, as chuvas no Sul aumentaram em 30%, e no Norte, Nordeste e Sudeste diminuíram até 40%. Controlar a velocidade de escoamento de toda essa água extra no Sul e garantir a perenidade dos rios nas outras regiões precisa ser a nossa prioridade imediata.

Ivo Pugnaloni*





Os mapas e gráficos que ilustram o excelente artigo publicado pela SECOM, dirigida pelo ministro Paulo Pimenta, não deixam margem a dúvida. Embora as causas da mudança nas chuvas sejam controversas. Minha opinião de engenheiro é que devemos focar-nos em encontrar origens mais óbvias e gritantes, para adaptar nossas atividades à gravíssima alteração do regime de chuvas.

Devemos aplicar-nos, como um só povo, do sul ao norte, para aplicar as soluções mais eficientes, conhecidas e provadas em outros pontos do país e do mundo. Deixemos aos tribunais decidir quem são os culpados, responsabilizando-os mas com todos os diretos de defesa assegurados por lei, altamente didáticos, muito úteis para evitar novas ilusões.

Aos desprezíveis gritos racistas de “O Sul é o meu país”, devemos numa autêntica rede nacional de solidariedade, responder com uma atitude afirmativa que prove que do Sul ao Norte, o Brasil é o nosso país. O país de um povo forte e soberano, que sabe vencer grandes desafios através da sua união.

Esse artigo foi escrito no sentido de demonstrar que soluções técnicas já existem, assim como as evidências físicas não apenas do fenômeno climático, mas também dos delitos cometidos por aqueles que, por riqueza e poder, conseguiram quase destruir todas as formas de mitigação que a ciência já encontrou há mais de 130 anos.

“Isso é culpa do agronegócio e do transporte rodoviário” dirão alguns. “Não, isso não tem nada a ver com a ação do homem!”, dirão outros.

Quando as certezas de parte a parte são assim extremas, a melhor resposta pode vir de fazer perguntas.

1. O que acontece com a velocidade de escoamento da água no solo e nos rios, quando derrubamos florestas para formar pasto ou plantar soja para exportar?

2. O que acontece com a quantidade de água absorvida pelo solo, quando dobramos a velocidade do escoamento depois de removidas as raízes das florestas?

3. O que acontece com a erosão do solo quando a velocidade de escoamento aumenta? O que acontece com o leito dos rios, se a erosão aumentar?

4. Se a erosão e o assoreamento dos rios aumentarem, será que o fluxo da água vai continuar preso na caixa dos rios ou vai transbordar para fora de seu leito, criando áreas úmidas?

5. O que acontecerá, com a evaporação da água, quando aumentarem as áreas úmidas nas margens dos rios?

6. O que terá acontecido com a evaporação quando as conhecidas mudanças cíclicas no eixo de rotação da Terra e no seu percurso em torno do Sol, fizeram mais radiação solar incidir numa área que permanece encharcada por mais tempo?

As respostas podem ser resumidas numa poderosa combinação de efeitos cumulativos na qual o aumento da velocidade de escoamento reduziu a água absorvida pelo subsolo, aumentou a erosão e a evaporação de água. E tudo isso junto, aumentando os riscos de novas e grandes enchentes.

É nisso que temos que nos focar: precisamos diminuir a velocidade com que a água da chuva corre de volta em direção ao mar, donde em boa arte ela veio, por ação do Sol. Como fazer isso, veremos adiante nas próprias perguntas que se entrelaçam.

“Vocês são contra o agronegócio e a produção de alimentos!”, dirão alguns. “Vocês só pensam em lucro máximo a qualquer custo!” dirão outros.

Novamente, boas perguntas trazem as melhores respostas.

1. O que aconteceu com a produção de alimentos para exportação, quando a carga tributária do agronegócio caiu para 6,75% e com a produção industrial quando os tributos sobre a indústria chegaram em 44%?

2. Por que o PIB da indústria em 1976 era 21% do total e caiu para apenas 9% do PIB em 2023?

3. O que acontece quando a ANEEL e o Ministério de Minas e Energia, assistem passivamente as distribuidoras comprando a energia 10 vezes mais cara das termelétricas, repassando esse custo aos consumidores e não comprando das hidrelétricas, dez vezes mais barata?

4. O que aconteceu com as tarifas de energia quando a capacidade de geração das termelétricas fósseis, subiu mais de 660% entre 1995 e 2022?

5. O que aconteceu com a produção industrial quando o custo da energia para a indústria subiu 174% acima da inflação entre 1995 e 2023 e para as demais classes “só 73%”, segundo a FIRJAN?

6. Por que a Empresa de Pesquisa Energética não considerou as perdas elétricas e nem as tendencias hidrológicas, no cálculo da garantia física de energia das hidrelétricas, erro que impediu a investimentos na construção de novas hidrelétricas, favorecendo isso sim, mais termelétricas e o aumento da poluição por gases do efeito estufa?

“Vocês querem que o Brasil tenha outro apagão sem as termelétricas?”, dirão alguns.

Novamente, as melhores respostas vêm de boas perguntas, que quase ninguém faz:

1. Quais as fontes permanentes de energia que podem assumir a carga depois das 18 horas quando a geração fotovoltaica entra em colapso por falta de Sol?

2. Dessas duas fontes permanentes, que são as termelétricas fósseis e as hidrelétricas, as únicas que podem operar 24 horas, qual delas tem preço maior, mais impactos negativos sobre a atmosfera e as chuvas?

3. Qual das fontes de energia tem maiores efeitos benéficos para a redução da velocidade de escoamento das águas de forma a evitar a erosão, o assoreamento, prevenindo as enchentes? A fonte solar? As termoelétricas, as eólicas? Ou as hidrelétricas?

4. Por que no Paraná, estado que sofreu o mesmo aumento de chuvas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, não existem agora enchentes nos terços baixo e médio do rio Iguaçu, depois de construídas seis grandes hidrelétricas pela COPEL? Terá sido isso fruto de uma coincidência?

5. Será que a pressão dos proprietários das minas de carvão que alimentam as grandes termelétricas gaúchas e catarinenses tem relação com o pequeno grau de desenvolvimento das usinas hidrelétricas nos dois estados?

6. Será que grande quantidade de enchentes que a cada três ou quatro anos atingem os gaúchos e catarinenses não tem nada a ver com o pequeno número e pouca capacidade de armazenamento de suas hidrelétricas?

As soluções são conhecidas.

É hora da primazia da solidariedade, da consciência e da ciência. O tempo das bravatas passou. Assim como passou o tempo dos bravateiros, do elogio do egoísmo e do individualismo, seja ele regional, sexual, de cor da pele ou de idade.

Passou da hora de abandonarmos a influência dos que querem dividirmos em times que gritam “slogans”, gerados em pequenas bolhas e laboratórios de opinião pública dos gabinetes do ódio e de mídia.

Está na hora de começarmos a fazer, as perguntas que precisam ser respondidas antes que seja tarde, para que os governos deixem da letargia e da pequena política para entrar na grande política. A política pública.

Acumular pequenas quantidades de água nas propriedades e gerar energia com ela. Uma solução para já.

Pequenas barragens em cada propriedade rural, em cada arroio, em cada riacho, podem ser construídas em poucos meses com capacidade adicional de reserva para ser preenchida em caso de enchentes ou de secas.

Ao mesmo tempo, elas podem produzir pescado, hortaliças e mesmo energia elétrica, sendo ligadas diretamente à rede das distribuidoras como acontece com as placas solares. Mas com a vantagem de operar durante 24 horas, armazenarem energia elétrica na forma de água doce prevenindo-nos de enchentes e de secas. Uma solução quase óbvia, já adotada em muitos países, classificadas pela ANEEL como micro centrais hidrelétricas, servindo como compensação ambiental ao desmatamento já incorrido ou futuro.

Além desses benefícios elas ainda vão gerar energia barata para o produtor rural, armazenarão água doce, produzirão receita e alimentos de alta qualidade, em toda parte. Tanto no Sul como no Norte.

Essas barragens, construídas dentro da técnica e da legislação ambiental, projetadas e instaladas por profissionais habilitados, seriam financiadas pelo BNDES com juros que levem em conta os seus benefícios para a sociedade. Elas irão nos ajudar a nos adaptarmos melhor às enchentes no sul e às secas no norte, nordeste e sudeste.

Tudo isso com equipamentos 100% nacionais e mais de 30% dos serviços disponíveis no local. Com os menores investimentos. Aliás, qual seria o preço da “não-existência” de uma enchente como essa do Rio Grande do Sul? Para ajudar tudo isso a acontecer, além das secretarias estaduais da agricultura e do meio ambiente mobilizarem-se, vamos precisar que o ministério de minas e energia convença as distribuidoras e cumprirem os regulamentos que criaram a modalidade de geração distribuída. Essas concessionárias de serviço público precisam investir mais na proteção de suas redes com relação ao fluxo reverso de potência gerado pelas placas solares, como previsto em lei. E deixem de usar seu próprio despreparo técnico para negar acesso às suas redes aos pequenos geradores particulares, tirando proveito da própria torpeza, como vedado por princípio da lei pátria.

*Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni é engenheiro eletricista é foi diretor de planejamento da COPEL e diretor presidente da COPEL DISTRIBUIÇÃO, do Instituto Estratégico do Setor Elétrico (ILUMINA), fundador e primeiro presidente da ABRAPCH, associação brasileira de pequenas hidrelétricas, secretário adjunto de transportes de Curitiba, membro do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Paraná. professor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Hoje Ivo é o presidente da ENERCONS Consultoria em Energias Renováveis. www.enercons.com.br

segunda-feira, 1 de abril de 2024

“Coronel Redl”, de István Szabó, 1985

 


“Coronel Redl”, de István Szabó, 1985 – Império Austro-húngaro, final do século XIX, início do século XX. Um menino de origem humilde, Alfred Redl, é enviado a uma escola militar, onde fica amigo de Kristof Kubinyi, de origem nobre. Sua profunda lealdade ao Imperador Franz Joseph faz com que rapidamente suba na carreira militar, sendo alçado a coronel e, posteriormente, indicado para atuar como Chefe da Contraespionagem do Império, o que o leva a ter de lidar com toda sorte de conspirações e conchavos.

Ainda que Alfred Redl tenha sido uma eminente personalidade real do exército do Império Austro-húngaro nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, o filme é levemente inspirado em uma peça de John Osborne, “A Patriot for Me”, e revela, em seus minutos iniciais, completa infidelidade aos fatos, deixando claro tratar-se de uma obra de ficção inspirada na figura real do militar. Assim, ainda que questões-chaves da vida de tal personalidade sejam mantidas, há uma clara romantização da história, com inserção de acontecimentos puramente ficcionais. A narrativa acompanha a trajetória do personagem desde sua infância humilde na Galiza até alcançar o mais alto posto dentro do Setor de Contraespionagem da Diretoria da Inteligência Militar do Exército Austro-húngaro, possibilitando um breve panorama dos conflitos, ardis e conspirações envolvendo política e exército no seio do Império Austro-húngaro. A obra é um fascinante exercício acerca da lealdade versus traição que se desenrola não apenas em âmbito “macro”, na política, exército e governo, mas, também, no universo pessoal do personagem, envolvendo sua amizade com a família Kubinyi, que inclui um relacionamento afetivo-sexual com os irmãos Kristof e Katalin. O diretor é bastante feliz na forma como espelha essa dicotomia da lealdade/deslealdade nos diferentes contextos, inclusive mostrando os questionamentos de Redl quanto sua própria conduta quando provocado a delatar um colega ou um subalterno. Szabó também consegue retratar, com esmero, os recônditos do Exército Austro-húngaro e sua promíscua relação com a nobreza – Kristof, mesmo sendo um oficial medíocre, insubordinado, pouco leal ao Imperador e completamente devasso, rapidamente galga cargos políticos e patentes militares graças à sua origem nobre e seus contatos sociais. A narrativa é linear, com grandes lapsos temporais, e ritmo moderado. A atmosfera é de leve tensão, a qual cresce à medida em que Redl sobe de posto e ganha responsabilidades, entrando na mira do Arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do trono e conspirador de primeiríssima linha – o que leva Redl a, gradativamente, “flexibilizar” sua ética e lealdade ao Império. O filme é grandioso quanto ao seu desenho de produção de época, retratando belamente os primórdios do século XX, de suas festas e bailes aos exercícios militares do exército. A fotografia colorida aproveita muito bem a saturação de cores e os planos bem abertos, muito embora não crie nenhuma linguagem cinematográfica inovadora e permaneça no terreno mais convencional. Quanto às interpretações, Klaus Maria Brandauer despeja todo seu talento no personagem Redl e consegue exprimir as contradições e angústias do protagonista com notável cuidado e muita “paixão”; Jan Niklas interpreta Kristof sem grande brilho em seu trabalho; Gudrun Langrebe interpreta Katalin, Armin Mueller-Stahl, o Arquiduque Franz Ferdinand e Hans Christian Blech, o General Von Roden – todos competentes, mas ninguém excepcional. Destaque para a última cena de Klaus Maria Brandauer – interpretação sensacional! – e para a ironia da última cena de Franz Ferdinand. O filme foi agraciado com o Prêmio BAFTA (1986) na categoria Melhor Filme Estrangeiro, e com o Prêmio do Juri no Festival de Cannes (1985); foi ainda indicado ao Oscar (1986) de Melhor Filme Estrangeiro, perdendo para o argentino “A História Oficial” (1985). É um filme bem interessante, mas que mexe mais com o nosso intelecto do que com as nossas emoções (não é um filme sensorial). Em todo caso, acho que vale muito à pena.

sábado, 30 de março de 2024

Dialética Poética

 


A transformação é o que permanece,
a história é a rima que se estabelece
afirma a noite, nega de dia,
tudo isto feito poesia.

A arte é uma relação social contradita,
a cada verso, ditada e maldita,
ensimesmada ou flamante,
reflete a força do humor dominante.

Entre o que existe e o que se pode,
que se tornou prática na sociedade,
cabe à classe de ofício da arte,
construir uma nova ode.

Não há poesia verdadeira,
nem moda que será derradeira,
o relevante é a transformação que queremos,
à influência que realizar poderemos.

Em meio ao povo podem surgir,
forças de revolta e transformação,
mas a métrica de uma revolução,
não será fruto do espontâneo devir.

A poesia é uma construção coletiva,
um fluxo dialético em movimento,
e cumpre a nós, trovadores da vida,
dar um novo sentido a esse momento.


AZEVEDO, Walter. Dialética Poética. Em Tudo é Poesia. Lira Editorial. 2023.

Convidamos para a apresentação do livro "Como Vencer na Grande Política: Classes sociais e suas lutas"

Livraria Vertov Sábado - 15/06/24 - 14hs Rua Visconde do Rio Branco, 835 - Curitiba-PR