quarta-feira, 3 de março de 2010

O Partido da Grande Mídia

Da Carta Maior por Bia Barbosa:

Grande mídia organiza campanha contra candidatura de Dilma

Em seminário promovido pelo Instituto Millenium em SP, representantes dos principais veículos de comunicação do país afirmaram que o PT é um partido contrário à liberdade de expressão e à democracia. Eles acreditam que se Dilma for eleita o stalinismo será implantado no Brasil. “Então tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução dos meios de comunicação. Temos que ser ofensivos e agressivos, não adianta reclamar depois”, sentenciou Arnaldo Jabor.
Bia Barbosa
Se algum estudante ou profissional de comunicação desavisado pagou os R$ 500,00 que custavam a inscrição do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, organizado pelo Instituto Millenium, acreditando que os debates no evento girariam em torno das reais ameaças a esses direitos fundamentais, pode ter se surpreendido com a verdadeira aula sobre como organizar uma campanha política que foi dada pelos representantes dos grandes veículos de comunicação nesta segunda-feira, em São Paulo.

Promovido por um instituto defensor de valores como a economia de mercado e o direito à propriedade, e que tem entre seus conselheiros nomes como João Roberto Marinho, Roberto Civita, Eurípedes Alcântara e Pedro Bial, o fórum contou com o apoio de entidades como a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANER (Associação Nacional de Editores de Revista), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade). E dedicou boa parte das suas discussões ao que os palestrantes consideram um risco para a democracia brasileira: a eleição de Dilma Rousseff.


Comentário EngaJarte:

O tal Instituto Millenium é a versão carnavalizada de uma cervejaria de Munique.

E como o pessoal que estava lá é bastante informado e possuidores de certo nível cultural, como entender toda esta verve preconceituosa, sectária e manipulada? Ora pois, trata-se de um manifesto político, o lançamento de um partido de extrema direita.

Bem, claro que o cume do partido não precisa de uma reunião pública para fazer qualquer combinação, eles se "freqüentam".

Qual o sentido então? Mais uma vez foi a manifestação da diretriz política que os líderes (como em qualquer agremiação de extrema direita) comunicou aos seus subalternos militantes, claro que em geral são militantes profissionais, pois qualquer outra pessoa que precise trabalhar, ou mesmo tenha algo de valor em sua vida, não vai cair de militante gratuito somente para aumentar o butim de dinheiro ou poder de meia dúzia de donos de grandes empresas privadas, mesmo eles sendo do ramo da comunicação.

E o palhaço do Palocci? Que é que este homem estava fazendo lá? Além de ser espinafrado, humilhado e injuriado? Para que ir até lá para ver sua obra, seu governo, seu partido ser vilipendiado e caluniado? Para que submeter-se a tamanha humilhação?

Da pena de ver alguém se prestando a este papel.

Isto também tem sua lógica, um cara que insiste em apresentar-se como intermediário confiável dos interesses daquele pequeno grupo de empresários, assim como fora para a outra meia dúzia de empresários financistas quando tinha poder real nas mãos.

E lembrar que foram aqueles mesmos empresários que alimentaram o flagrante do doutor pegando profissionais em uma house em Brasília. Mas não é por esta e outras que um cristão vai ficar guardando rancor. Uma coisa dessas nunca mais vai acontecer, aquele pessoal não costuma descartar tão fácil seus servidores de perfil canino, eles valorizam...

Mas vale a pena criar um partido com esta fachada? Claro que não, pois é muito mais fácil e barato subcontratar políticos, analistas e jornalistas de qualquer outro partido ou facção para sustentar seus interesses, pois a extrema direita não tem voto, fundar partido para não ter voto é furada, e estes senhores (os empresários, claro) já são maduros e calejados neste jogo.

Então por que tanto fuzuê, tanta macumba, reuniãozinha com militantes, aliás uma baixaria a militância querendo ser mais realista que o rei para impressionar o patrocinador.

O mote deste encontro-comício, é o de mostrar aos de fora que “a nossa força é nossa união”, e que dispomos de uma cachorrada amestrada e raivosa pronta para ser solta. Foi a reunião para mostrar as armas, manter a pressão, que tão bem funcionou com o Lula, o conciliador.

Foi a oportunidade de mostrar “quem somos”, como estamos, nossos vínculos internacionais, nosso poder de fogo, e o proto-discurso em favor da liberdade de "nossa" imprensa.

Mas o ponto fundamental é o momento, este pessoal já tem amplo reconhecimento de seu Hard Power, e nas altas estratégias da política, quem tem força não necessita demonstrar ostensivamente, isto é contraproducente.

É que este grupo político-econômico está sentindo os ventos da mudança social, seu enfraquecimento relativo dentro do espectro de forças, esta minguando sua audiência, seu modelo de negócio já está em franco declínio, assim, o negócio é virar a mesa, chega de jogar pelas regras do jogo.

O pessoal está sentindo-se frágil e acuado, no limiar de alguém decidir de uma hora para outra cortar a publicidade oficial e outros contratinhos, de um salve geral para as empresas de telecomunicação, da blogolândia independente tomar mais corpo, de diretrizes da Confecon virarem leis, da banda larga pública.

Parece que estamos a um pulo de alguém acertar um golpe na cabeça da víbora, e assim quase sem esforço.

Ou seja, é o fim do mundo, o desespero já está ficando aparente, ou a extrema direita parte para uma desestabilização social e golpe, ou como creêm os "milenaristas escatológicos" teremos mil anos de abundância e felicidade.

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