domingo, 20 de abril de 2025

Privatização da CELEPAR: Quem Ganha e Quem Perde?

 Por Walter Azevedo

A proposta de privatizar a CELEPAR, empresa pública que cuida dos sistemas de informática e dos bancos de dados do Estado do Paraná, é mais uma operação obscura que vamos tentar esclarecer neste artigo. Enquanto o governador do Paraná tenta vender mais um patrimônio que não é seu, a realidade é que o grande beneficiário dessa privatização não será o estado nem a população paranaense, mas sim os empresários que comprarem a CELEPAR. Eles receberão uma empresa sólida, com contratos garantidos com o governo e prestarão serviços que não tem preço padronizado ou comparativo, esta situação pode ser mais uma porta de entrada para corrupção governamental, neste jogo parece que só tem alguns perdedores bem definidos: a classe trabalhadora e o desenvolvimento do Paraná.

















Imagem: Celepar por José Fernando Ogura

 

A História da CELEPAR: Uma Trajetória de Serviço ao Paraná

 

A CELEPAR foi criada em 1971, há mais de 50 anos, com a missão de modernizar e integrar os sistemas de informática do estado. Desde então, a empresa tem sido fundamental para o desenvolvimento do Paraná, garantindo que órgãos públicos como hospitais, escolas, polícia e secretarias tenham sistemas de tecnologia eficientes, seguros e a um custo baixo.

Ao longo das décadas, a CELEPAR foi responsável por conquistas importantes. Nos anos 1980 e 1990, a empresa implementou sistemas de processamento de dados que ajudaram a organizar a folha de pagamento dos servidores, a contabilidade do estado e o controle financeiro. Nos anos 2000, a CELEPAR foi essencial para a implantação da internet no Paraná, conectando órgãos públicos e levando acesso à informação para a população.

Além disso, a CELEPAR desenvolveu sistemas importantes para áreas como saúde, educação e segurança. Por exemplo, a empresa criou sistemas que ajudam a gerenciar leitos hospitalares, matrículas escolares e até o combate ao crime. Esses sistemas são usados diariamente por milhares de pessoas e empresas e são fundamentais para o funcionamento do estado e o serviço a população.

 

Quem Ganha com a Privatização?

Os verdadeiros ganhadores da privatização da CELEPAR serão os adquirentes da empresa. A CELEPAR é uma empresa pública que já funciona bem, com infraestrutura pronta e contratos garantidos com o governo do estado. Quem a comprar receberá um negócio lucrativo, com poucos riscos e muita garantia de retorno financeiro. Para esses empresários, o objetivo será simples: reduzir custos ao máximo com corte e redução se serviços conforme feito em toda privatização. Isso significa que eles podem cortar empregos, reduzir a qualidade dos serviços e ignorar projetos de desenvolvimento que a classe trabalhadora e pelo governo do Paraná necessitem ou venham a construir, pois será uma empresa privada que será regida apenas o pelo projeto particular de seu novo proprietário.

 

 

Quem Perde com a Privatização?

O Estado do Paraná:

            O governo perderá a propriedade e o controle sobre os sistemas de informática e os bancos de dados que são essenciais para o funcionamento do estado. Isso inclui dados de saúde, educação, segurança e impostos. Sem controle, o estado ficará dependente de uma empresa privada, que pode definir os preços e impor suas condições.

 

Os Cidadãos Paranaenses:

            A população vai sentir a precarização de mais um serviço que hoje é público. Uma empresa privada pode cortar custos para aumentar lucros, o que pode resultar em sistemas mais lentos, menos seguros e menos eficientes. Além disso, os dados pessoais dos cidadãos ficarão mais vulneráveis a vazamentos e uso indevido.

 

Os trabalhadores:

A privatização costuma levar a demissões em massa, reestruturação de cargos e carreiras com redução de benefícios, o que contribui para o acirramento ainda maior da situação de trabalho para todos os trabalhadores, pois é mais uma empresa nivelando por baixo as condições de emprego.

 

Problemas da Privatização

 

Segurança dos Dados

Riscos: A transferência de bancos de dados sensíveis (como dados de saúde, educação, segurança e tributação) para uma empresa privada pode aumentar o risco de vazamentos, a própria venda dos bancos de dados ou uso indevido dessas informações. Hoje o ativo mais valioso para o mercado de tecnologia de informação são os dados de pessoas e empresas, que com a CELEPAR são de propriedade, responsabilidade e gestão do estado.

 

Custos Financeiros

Aumento de Custos: Empresas privadas operam com fins lucrativos, o que pode levar a custos mais altos para o governo e, consequentemente, para os contribuintes. Isso inclui taxas de desenvolvimento, licenciamento, manutenção e atualizações de sistemas. Se o governo necessitar de sistemas especializados para análise e decisões complexas relativos a programas de desenvolvimento, daí o céu será o limite para a definição dos preços.

 

Controle e Transparência

Perda de Controle: O governo perderia o controle direto sobre os dados, o que poderia dificultar a tomada de decisões estratégicas e a implementação de políticas públicas. Inclusive, a gestão privada pode limitar o acesso público a informações, especialmente se houver interesses comerciais envolvidos ou brechas legais para negação de acesso a dados. A privatização cria dependência de empresas privadas, muitas vezes multinacionais, o que pode comprometer a soberania do estado sobre seus dados.

 

Internacionalização: Como os bancos de dados e o próprio processamento serão migrados para data centers privados, a empresa poderá decidir operar em data centers localizados no exterior, causando uma perda de soberania sobre os dados e inclusive perda dos dados e seu bloqueio por conta de disputas e conflitos internacionais.

 

Qualidade do Serviço

Eficiência: Uma empresa privada pode trazer inovações e eficiências, o que não é garantido, mas terá que priorizar o lucro(o que é líquido e certo) em detrimento da qualidade do serviço.

Continuidade: Há o risco de interrupções ou descontinuidades no serviço, especialmente se houver mudanças de fornecedores ou conflitos contratuais, ou embates internacionais.

 

Impacto Social

Acesso à Informação: A privatização pode limitar o acesso a dados públicos, especialmente para populações mais vulneráveis, se houver custos associados ao acesso.

 

Por que a CELEPAR pública é o melhor para o Paraná?

 

A CELEPAR, como empresa pública, tem uma missão clara: servir ao estado e à população. Ela não precisa gerar lucros para acionistas, o que permite reinvestir seus resultados em melhorias para o Paraná. Além disso, como empresa pública, a CELEPAR está sujeita a regras de transparência e controle, o que garante que os dados dos cidadãos estejam seguros e que os serviços sejam prestados sob a responsabilidade de um governo eleito.

 

Em vez de entregar uma empresa estadual sólida e estratégica para o setor privado, o governo pode investir na CELEPAR, fortalecendo sua capacidade de inovação e garantindo que ela continue a servir aos interesses do Paraná. Mas o atual governo não tem projeto de desenvolvimento do estado, sua linha política é apenas proporcionar oportunidades de negócios fáceis para pequenos grupos privados e assim segue na privatização da COPEL, SANEPAR, Escolas e presídios.

 

Conclusão

 

A privatização da CELEPAR é um mau negócio para o Paraná. Quem ganha são os empresários que comprarem a empresa, com contratos garantidos e lucros facilitados. Quem perde é o estado e a população, que ficarão reféns de uma empresa privada com interesses particulares, onde o projeto de desenvolvimento do estado do Paraná pode se tornar uma ameaça para seus negócios. A CELEPAR deve continuar pública, servindo ao estado e à população, e não aos interesses de poucos empresários. Privatizar a CELEPAR é entregar um patrimônio do Paraná, são os dados de cidadãos, do estado e de empresas que vão deixar de ser articulados em benefício do desenvolvimento público. A privatização da CELEPAR vai consolidar o interesse privado e particular de poucos, degradando mais um grande sistema público construído em décadas de trabalho e investimento do povo trabalhador do Paraná.

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