terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Eleições 2010 (2)

A atitude pessoal, diria o historiador, tem pouca importância, pois o processo social, histórico, político e a dinâmica do país deixa pouco espaço para marcas pessoais de personalidade, ademais de o grande jogo político-econômico da administração de um país gigante como o Brasil, está longe de passar por características de cara ou jeitão de um governante.

Na prática a teoria é outra, o instituto da democracia representativa leva a milhões de pessoas escolherem seu candidato, por pura simpatia pessoal, por seu valor como símbolo, por uma onda social. Ainda mais que a sociedade de comunicação de massa supervaloriza a celebridade, o encanto fabricado do ator.

Então vamos a elas, o Sr. Serra, é feio para chuchu, (mas o chuchu era o Alkmin..., e assim vai o PSDB de São Paulo), mas Serra possui um diferencial significativo, tem o apoio sistemático das corporações de comunicação privadas dos jornais, revistas e de TV, e como jamais explicitou qualquer diretriz política ou econômica pode assumir um modelo definido por marqueteiros, nunca apresenta-se em público sem uma preparação prévia, é o protótipo do candidato fabricado, inespecífico, aí reside sua força.
Já seu comportamento no dia-a-dia, focado na imagem midiática, em demitir qualquer um que lhe critica, mesmo jornalistas de jornais subservientes, sempre carrancudo, agindo somente nos bastidores, pouco afeito a administração pública, mantendo distância longíncua do povo, nada disto transparece, assim, o jogo da democracia representativa segue.

Marina Silva, também não tem lá uma bonita figura, mas é sempre intransigente, era coerente, matou este valor ao partir para a oposição, tem uma fala prolixa e um tipo duro de crítica oposicionista, mesmo no governo não perdeu este jeitão.
Não parece ter muito fôlego, e assumiu um dilema, era da esquerda ecológica, agora migra para a extrema direita ecológica, de lá vem o discurso e o financiamento para as teorias do aquecimento terrestre e a solução via derivativos de créditos de carbono, assim como o bloqueio ao desenvolvimento econômico dos países periféricos pois o mundo não aguenta mais exploração.

Requião, o gigante, tem uma apresentação de qualidade, seguro e de longe o mais transparente dos candidatos, expondo-se semanalmente em seu programa Escola de Governo onde todos os seus programas de governo são apresentados, fala direta, com personalidade forte, algo que gera aversão em parte dos eleitores, fala com conteúdo, e um tom um pouco arrogante, duas coisas que podem ser úteis para governar mas ruins para cativar a massa. Tem peito para enfrentar interesses poderosos, falta-lhe a embocadura para capitalizar isto, e sobra-lhe boca-dura para envolver-se em querelas pequenas. A escolha é de um pai, amigo e confiável e o arrogante não serve para ser meu amigo, assim este é o desafio do candidato pois todo o resto ele já tem.

O Cirão, também bastante transparente, e com personalidade um tanto explosiva, parece falar o que pensa e o que sente, só que o pessoal que vota detesta sinceridade, isto assusta, e como ninguém vota muito por conteúdo, ele tem pavio e votos curtos, apesar de sempre apresentar um programa de governo seguro e coerente. Parece bem mais maduro, “aver” se acerta o tom da comunicação.

Roussef, parece que sua maior pelea vai ser construir uma imagem que angarie simpatia, tem um tom prolixo e técnico, uma face meio congelada, durão por durão todos os candidatos tem perfil semelhante, só que o Serra escamoteia melhor. Pouco a vimos em ação, vamos ver como encara a primeira eleição, e logo para presidente da república, é montar o perfil de boa herdeira de votos.

Será que só imagem ganha eleição, absolutamente não, mas que conta conta, e o quanto conta? Aí esta o imponderável, a intuição do candidato e sua equipe, o humor do país etc.

Uma candidatura vencedora se constrói com um montão de coisas, assim tem que dar atenção a cada uma delas, sejamos nós analistas, ou o candidato em si. Ao final também somos humanos por ter relacionamentos emocionais, e estabelecer sintonia emocional com milhões de pessoas em um determinado momento histórico é que é a arte da coisa.

Um comentário:

  1. Salve companheiro,

    Diria que estamos muito mau representados,a escolha é terrivelmente dificil,será a escolha do menos pior.

    abraço

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