segunda-feira, 20 de maio de 2024

Como Vencer na Grande Política: Classes sociais e suas lutas

 A vitória na política não é fruto do acaso e tão pouco de um destino histórico, é o resultado das movimentações das classes sociais. O campo onde se dá o embate de forças sempre está aberto ao novo, mas só vence quem entende as regras da luta e entra para vencer, nós da classe trabalhadora só temos o caminho do engajamento na grande disputa da política para traçar os rumos da nossa história. Realizaremos isto tomando nossa própria missão como classe revolucionária por dentro do sistema do capital.



Vivemos o crepúsculo do capitalismo no alvorecer do século XXI, descrever as regras da luta e o método para construir a nossa vitória é o ponto de partida deste livro.

O ponto de chegada é um manual para a realização da luta de classes de forma prática e objetiva com a atitude do forte, aquele que luta para fazer o seu destino sem nada temer.

Partindo da realidade para a realidade, seguindo o método dialético aplicado à materialidade do concreto no processo histórico. Visamos levar o leitor a navegar pelos fluxos do rio da vida, superando a tentativa de apenas flutuar, deixando para trás um nadar sem rumo na escuridão para tomar conta do barco da fortuna e singrar as correntes do devir com objetivo político certeiro, seguindo seus instintos com inteligência e dando forças à sua vontade de potência.

O devir, ou fluxo histórico dinâmico, não tem início ou fim, o tempo é eterno e se desenvolve sobre bases materiais reais, os eventos não surgem por geração espontânea, nem por simples evolução, tão pouco por predestinação. A construção das circunstâncias históricas para a transformação revolucionária é a nossa principal missão política junto à nossa classe trabalhadora.

Este livro pode ser adquirido no site da Editora Appris:

Como Vencer na Grande Política: Classes sociais e suas lutas

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Agricultura não pode ser catástrofe, nem energia provocar desindustrialização

 Segundo estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, nos últimos 60 anos, as chuvas no Sul aumentaram em 30%, e no Norte, Nordeste e Sudeste diminuíram até 40%. Controlar a velocidade de escoamento de toda essa água extra no Sul e garantir a perenidade dos rios nas outras regiões precisa ser a nossa prioridade imediata.

Ivo Pugnaloni*





Os mapas e gráficos que ilustram o excelente artigo publicado pela SECOM, dirigida pelo ministro Paulo Pimenta, não deixam margem a dúvida. Embora as causas da mudança nas chuvas sejam controversas. Minha opinião de engenheiro é que devemos focar-nos em encontrar origens mais óbvias e gritantes, para adaptar nossas atividades à gravíssima alteração do regime de chuvas.

Devemos aplicar-nos, como um só povo, do sul ao norte, para aplicar as soluções mais eficientes, conhecidas e provadas em outros pontos do país e do mundo. Deixemos aos tribunais decidir quem são os culpados, responsabilizando-os mas com todos os diretos de defesa assegurados por lei, altamente didáticos, muito úteis para evitar novas ilusões.

Aos desprezíveis gritos racistas de “O Sul é o meu país”, devemos numa autêntica rede nacional de solidariedade, responder com uma atitude afirmativa que prove que do Sul ao Norte, o Brasil é o nosso país. O país de um povo forte e soberano, que sabe vencer grandes desafios através da sua união.

Esse artigo foi escrito no sentido de demonstrar que soluções técnicas já existem, assim como as evidências físicas não apenas do fenômeno climático, mas também dos delitos cometidos por aqueles que, por riqueza e poder, conseguiram quase destruir todas as formas de mitigação que a ciência já encontrou há mais de 130 anos.

“Isso é culpa do agronegócio e do transporte rodoviário” dirão alguns. “Não, isso não tem nada a ver com a ação do homem!”, dirão outros.

Quando as certezas de parte a parte são assim extremas, a melhor resposta pode vir de fazer perguntas.

1. O que acontece com a velocidade de escoamento da água no solo e nos rios, quando derrubamos florestas para formar pasto ou plantar soja para exportar?

2. O que acontece com a quantidade de água absorvida pelo solo, quando dobramos a velocidade do escoamento depois de removidas as raízes das florestas?

3. O que acontece com a erosão do solo quando a velocidade de escoamento aumenta? O que acontece com o leito dos rios, se a erosão aumentar?

4. Se a erosão e o assoreamento dos rios aumentarem, será que o fluxo da água vai continuar preso na caixa dos rios ou vai transbordar para fora de seu leito, criando áreas úmidas?

5. O que acontecerá, com a evaporação da água, quando aumentarem as áreas úmidas nas margens dos rios?

6. O que terá acontecido com a evaporação quando as conhecidas mudanças cíclicas no eixo de rotação da Terra e no seu percurso em torno do Sol, fizeram mais radiação solar incidir numa área que permanece encharcada por mais tempo?

As respostas podem ser resumidas numa poderosa combinação de efeitos cumulativos na qual o aumento da velocidade de escoamento reduziu a água absorvida pelo subsolo, aumentou a erosão e a evaporação de água. E tudo isso junto, aumentando os riscos de novas e grandes enchentes.

É nisso que temos que nos focar: precisamos diminuir a velocidade com que a água da chuva corre de volta em direção ao mar, donde em boa arte ela veio, por ação do Sol. Como fazer isso, veremos adiante nas próprias perguntas que se entrelaçam.

“Vocês são contra o agronegócio e a produção de alimentos!”, dirão alguns. “Vocês só pensam em lucro máximo a qualquer custo!” dirão outros.

Novamente, boas perguntas trazem as melhores respostas.

1. O que aconteceu com a produção de alimentos para exportação, quando a carga tributária do agronegócio caiu para 6,75% e com a produção industrial quando os tributos sobre a indústria chegaram em 44%?

2. Por que o PIB da indústria em 1976 era 21% do total e caiu para apenas 9% do PIB em 2023?

3. O que acontece quando a ANEEL e o Ministério de Minas e Energia, assistem passivamente as distribuidoras comprando a energia 10 vezes mais cara das termelétricas, repassando esse custo aos consumidores e não comprando das hidrelétricas, dez vezes mais barata?

4. O que aconteceu com as tarifas de energia quando a capacidade de geração das termelétricas fósseis, subiu mais de 660% entre 1995 e 2022?

5. O que aconteceu com a produção industrial quando o custo da energia para a indústria subiu 174% acima da inflação entre 1995 e 2023 e para as demais classes “só 73%”, segundo a FIRJAN?

6. Por que a Empresa de Pesquisa Energética não considerou as perdas elétricas e nem as tendencias hidrológicas, no cálculo da garantia física de energia das hidrelétricas, erro que impediu a investimentos na construção de novas hidrelétricas, favorecendo isso sim, mais termelétricas e o aumento da poluição por gases do efeito estufa?

“Vocês querem que o Brasil tenha outro apagão sem as termelétricas?”, dirão alguns.

Novamente, as melhores respostas vêm de boas perguntas, que quase ninguém faz:

1. Quais as fontes permanentes de energia que podem assumir a carga depois das 18 horas quando a geração fotovoltaica entra em colapso por falta de Sol?

2. Dessas duas fontes permanentes, que são as termelétricas fósseis e as hidrelétricas, as únicas que podem operar 24 horas, qual delas tem preço maior, mais impactos negativos sobre a atmosfera e as chuvas?

3. Qual das fontes de energia tem maiores efeitos benéficos para a redução da velocidade de escoamento das águas de forma a evitar a erosão, o assoreamento, prevenindo as enchentes? A fonte solar? As termoelétricas, as eólicas? Ou as hidrelétricas?

4. Por que no Paraná, estado que sofreu o mesmo aumento de chuvas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, não existem agora enchentes nos terços baixo e médio do rio Iguaçu, depois de construídas seis grandes hidrelétricas pela COPEL? Terá sido isso fruto de uma coincidência?

5. Será que a pressão dos proprietários das minas de carvão que alimentam as grandes termelétricas gaúchas e catarinenses tem relação com o pequeno grau de desenvolvimento das usinas hidrelétricas nos dois estados?

6. Será que grande quantidade de enchentes que a cada três ou quatro anos atingem os gaúchos e catarinenses não tem nada a ver com o pequeno número e pouca capacidade de armazenamento de suas hidrelétricas?

As soluções são conhecidas.

É hora da primazia da solidariedade, da consciência e da ciência. O tempo das bravatas passou. Assim como passou o tempo dos bravateiros, do elogio do egoísmo e do individualismo, seja ele regional, sexual, de cor da pele ou de idade.

Passou da hora de abandonarmos a influência dos que querem dividirmos em times que gritam “slogans”, gerados em pequenas bolhas e laboratórios de opinião pública dos gabinetes do ódio e de mídia.

Está na hora de começarmos a fazer, as perguntas que precisam ser respondidas antes que seja tarde, para que os governos deixem da letargia e da pequena política para entrar na grande política. A política pública.

Acumular pequenas quantidades de água nas propriedades e gerar energia com ela. Uma solução para já.

Pequenas barragens em cada propriedade rural, em cada arroio, em cada riacho, podem ser construídas em poucos meses com capacidade adicional de reserva para ser preenchida em caso de enchentes ou de secas.

Ao mesmo tempo, elas podem produzir pescado, hortaliças e mesmo energia elétrica, sendo ligadas diretamente à rede das distribuidoras como acontece com as placas solares. Mas com a vantagem de operar durante 24 horas, armazenarem energia elétrica na forma de água doce prevenindo-nos de enchentes e de secas. Uma solução quase óbvia, já adotada em muitos países, classificadas pela ANEEL como micro centrais hidrelétricas, servindo como compensação ambiental ao desmatamento já incorrido ou futuro.

Além desses benefícios elas ainda vão gerar energia barata para o produtor rural, armazenarão água doce, produzirão receita e alimentos de alta qualidade, em toda parte. Tanto no Sul como no Norte.

Essas barragens, construídas dentro da técnica e da legislação ambiental, projetadas e instaladas por profissionais habilitados, seriam financiadas pelo BNDES com juros que levem em conta os seus benefícios para a sociedade. Elas irão nos ajudar a nos adaptarmos melhor às enchentes no sul e às secas no norte, nordeste e sudeste.

Tudo isso com equipamentos 100% nacionais e mais de 30% dos serviços disponíveis no local. Com os menores investimentos. Aliás, qual seria o preço da “não-existência” de uma enchente como essa do Rio Grande do Sul? Para ajudar tudo isso a acontecer, além das secretarias estaduais da agricultura e do meio ambiente mobilizarem-se, vamos precisar que o ministério de minas e energia convença as distribuidoras e cumprirem os regulamentos que criaram a modalidade de geração distribuída. Essas concessionárias de serviço público precisam investir mais na proteção de suas redes com relação ao fluxo reverso de potência gerado pelas placas solares, como previsto em lei. E deixem de usar seu próprio despreparo técnico para negar acesso às suas redes aos pequenos geradores particulares, tirando proveito da própria torpeza, como vedado por princípio da lei pátria.

*Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni é engenheiro eletricista é foi diretor de planejamento da COPEL e diretor presidente da COPEL DISTRIBUIÇÃO, do Instituto Estratégico do Setor Elétrico (ILUMINA), fundador e primeiro presidente da ABRAPCH, associação brasileira de pequenas hidrelétricas, secretário adjunto de transportes de Curitiba, membro do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Paraná. professor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Hoje Ivo é o presidente da ENERCONS Consultoria em Energias Renováveis. www.enercons.com.br

segunda-feira, 1 de abril de 2024

“Coronel Redl”, de István Szabó, 1985

 


“Coronel Redl”, de István Szabó, 1985 – Império Austro-húngaro, final do século XIX, início do século XX. Um menino de origem humilde, Alfred Redl, é enviado a uma escola militar, onde fica amigo de Kristof Kubinyi, de origem nobre. Sua profunda lealdade ao Imperador Franz Joseph faz com que rapidamente suba na carreira militar, sendo alçado a coronel e, posteriormente, indicado para atuar como Chefe da Contraespionagem do Império, o que o leva a ter de lidar com toda sorte de conspirações e conchavos.

Ainda que Alfred Redl tenha sido uma eminente personalidade real do exército do Império Austro-húngaro nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, o filme é levemente inspirado em uma peça de John Osborne, “A Patriot for Me”, e revela, em seus minutos iniciais, completa infidelidade aos fatos, deixando claro tratar-se de uma obra de ficção inspirada na figura real do militar. Assim, ainda que questões-chaves da vida de tal personalidade sejam mantidas, há uma clara romantização da história, com inserção de acontecimentos puramente ficcionais. A narrativa acompanha a trajetória do personagem desde sua infância humilde na Galiza até alcançar o mais alto posto dentro do Setor de Contraespionagem da Diretoria da Inteligência Militar do Exército Austro-húngaro, possibilitando um breve panorama dos conflitos, ardis e conspirações envolvendo política e exército no seio do Império Austro-húngaro. A obra é um fascinante exercício acerca da lealdade versus traição que se desenrola não apenas em âmbito “macro”, na política, exército e governo, mas, também, no universo pessoal do personagem, envolvendo sua amizade com a família Kubinyi, que inclui um relacionamento afetivo-sexual com os irmãos Kristof e Katalin. O diretor é bastante feliz na forma como espelha essa dicotomia da lealdade/deslealdade nos diferentes contextos, inclusive mostrando os questionamentos de Redl quanto sua própria conduta quando provocado a delatar um colega ou um subalterno. Szabó também consegue retratar, com esmero, os recônditos do Exército Austro-húngaro e sua promíscua relação com a nobreza – Kristof, mesmo sendo um oficial medíocre, insubordinado, pouco leal ao Imperador e completamente devasso, rapidamente galga cargos políticos e patentes militares graças à sua origem nobre e seus contatos sociais. A narrativa é linear, com grandes lapsos temporais, e ritmo moderado. A atmosfera é de leve tensão, a qual cresce à medida em que Redl sobe de posto e ganha responsabilidades, entrando na mira do Arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do trono e conspirador de primeiríssima linha – o que leva Redl a, gradativamente, “flexibilizar” sua ética e lealdade ao Império. O filme é grandioso quanto ao seu desenho de produção de época, retratando belamente os primórdios do século XX, de suas festas e bailes aos exercícios militares do exército. A fotografia colorida aproveita muito bem a saturação de cores e os planos bem abertos, muito embora não crie nenhuma linguagem cinematográfica inovadora e permaneça no terreno mais convencional. Quanto às interpretações, Klaus Maria Brandauer despeja todo seu talento no personagem Redl e consegue exprimir as contradições e angústias do protagonista com notável cuidado e muita “paixão”; Jan Niklas interpreta Kristof sem grande brilho em seu trabalho; Gudrun Langrebe interpreta Katalin, Armin Mueller-Stahl, o Arquiduque Franz Ferdinand e Hans Christian Blech, o General Von Roden – todos competentes, mas ninguém excepcional. Destaque para a última cena de Klaus Maria Brandauer – interpretação sensacional! – e para a ironia da última cena de Franz Ferdinand. O filme foi agraciado com o Prêmio BAFTA (1986) na categoria Melhor Filme Estrangeiro, e com o Prêmio do Juri no Festival de Cannes (1985); foi ainda indicado ao Oscar (1986) de Melhor Filme Estrangeiro, perdendo para o argentino “A História Oficial” (1985). É um filme bem interessante, mas que mexe mais com o nosso intelecto do que com as nossas emoções (não é um filme sensorial). Em todo caso, acho que vale muito à pena.

sábado, 30 de março de 2024

Dialética Poética

 


A transformação é o que permanece,
a história é a rima que se estabelece
afirma a noite, nega de dia,
tudo isto feito poesia.

A arte é uma relação social contradita,
a cada verso, ditada e maldita,
ensimesmada ou flamante,
reflete a força do humor dominante.

Entre o que existe e o que se pode,
que se tornou prática na sociedade,
cabe à classe de ofício da arte,
construir uma nova ode.

Não há poesia verdadeira,
nem moda que será derradeira,
o relevante é a transformação que queremos,
à influência que realizar poderemos.

Em meio ao povo podem surgir,
forças de revolta e transformação,
mas a métrica de uma revolução,
não será fruto do espontâneo devir.

A poesia é uma construção coletiva,
um fluxo dialético em movimento,
e cumpre a nós, trovadores da vida,
dar um novo sentido a esse momento.


AZEVEDO, Walter. Dialética Poética. Em Tudo é Poesia. Lira Editorial. 2023.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Base Social e Poder: Relações entre Classes Sociais, Disputa de Poder e Objetivos Estratégicos

'Base Social e Poder: Relações entre Classes Sociais, Disputa de Poder e Objetivos Estratégicos' (Walter Azevedo)
"A política é o campo de batalha onde diferentes bases sociais se enfrentam e pelo poder de definir a direção da nação e para fazer a sua história."
 

Exploraremos os conceitos de objetivo estratégico, poder, base social, classe social e disputa de classe, examinando como esses fatores estão interligados na busca pelo domínio político e na construção da ideologia dominante e na sua contraparte da ideologia do dominado.

Por Walter Azevedo para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

A interação entre base social e poder é um aspecto central na compreensão das dinâmicas sociais e políticas que condicionam a história, como aspectos da determinação das disputas entre classes. Exploraremos os conceitos de objetivo estratégico, poder, base social, classe social e disputa de classe, examinando como esses fatores estão interligados na busca pelo domínio político e na construção da ideologia dominante e na sua contraparte da ideologia do dominado.

Objetivo Estratégico: Definição e Utilidade

A ação política consequente demanda o estabelecimento de objetivos estratégicos claros, materiais e hierarquicamente definidos como um conjunto de metas de uma organização ou grupo político para um determinado fim. É a partir da definição estratégica que uma fração de classe ou classe social promove suas necessidades materiais, seus interesses, suas soluções e sua reprodução.

Esses objetivos, quando consolidados na consciência do grupo social, tem o poder de orientar as ações, direcionar esforços para alcançar resultados concretos. Objetivos estratégicos são determinantes para construir uma clareza de propósito e um roteiro para a consecução das ambições pretendidas, na sustentação do foco no longo prazo e na manutenção conquistas do coletivo que define e se orienta por estas metas.

Na falta de objetivo estratégico claro, material e de poder classista, o que acontece é que o senso comum individual determina o motor das ações em coletivos, partidos e classe, desafortunadamente o senso comum da classe dominada só faz reproduzir esta subordinação consolidando uma ideologia do dominado.

Ação Política Efetiva

A ação consequente se dá pela orquestração dos interesses de uma base social, um grupo social determinado, buscando promover o seu engajamento e despertar o movimento que leve a este grupo agir em si e para si mesmo. Isso envolve a análise concreta do ambiente político e social, a mobilização de recursos e a escolha de táticas que agreguem saldos residuais e cumulativos para o objetivo estratégico daquela base social, identificando sua posição em disputa com as outras bases sociais.

Poder e Base Social

O poder como a capacidade de influenciar, controlar ou moldar ou impor uma vontade as ações e decisões de pessoas ou grupos. A base social refere-se ao conjunto de indivíduos que compartilham semelhanças, como interesses, posições e relações sociais, herança cultural e estruturas econômicas. O poder é conquistado e mantido por meio da ação de uma base social, ou um conjunto de grupos sociais com alguma coesão ou amarração de sua identidade e interesses materiais ou certezas imaginárias. Quanto maior for a adesão da base social, mais consolidada for sua identidade, melhor se fizer a sua organização com atitude e disposição para o embate, mais forte será o poder desta base social que, ao fim, terá capacidade para exercer este poder sobre outras bases sociais.

Classe Social e Disputa de Classe

A sociedade é estratificada em classes sociais com base em diferenças de propriedade, renda, interconexões sociais e situação em relação à estrutura produtiva. A disputa de classe é a dinâmica dialética da relação entre diferentes classes que se eleva na construção de uma supremacia de umas sobre as outras. Essas disputas se manifestam em várias formas, como lutas por leis e direitos, por políticas governamentais ou melhorias setoriais quando se expressam na pequena política. Já na grande política são as disputas de poder e dominância social totalizante que realizam ou materializam as relações classistas.

Poder de Classe e Ideologia Dominante

O poder de classe emerge quando uma classe social conquista e exerce um domínio em todos as esferas sociais sobre as demais classes, permitindo que seus interesses particulares sejam naturalizados e institucionalizados como interesse geral. A ideologia da classe dominante legitima a ordem social existente, promovendo valores, crenças e normas que sustentam seu domínio. Isso influencia a percepção da realidade, moldando as perspectivas e comportamentos das classes sociais subalternas, consolidado em um senso comum idealista e conservador.

Organização e Partido

Um coletivo partidário, um Partido Político é historicamente a melhor ferramenta para uma base social estruturar sua organização para participar na grande política da disputa de poder entre classes. Uma base social ou classe social dominada vive no seu senso comum derivado de sua situação de subalternidade. A partir de Lênin sabemos que somente um coletivo organizado dentro da sua classe, que esteja imbuído de um novo sentido e missão estratégico de poder para sua classe, terá capacidade de influenciar, motivar e organizar esta base social para um novo tipo de ação na grande política, entrar nas disputas classistas para ousar e vencer.

A ferramenta Partido de classe para a classe, com estratégia de poder classista, pode levar a sua base ou classe social a abrir contenda com a classe dominante, com vistas ao estabelecimento de uma nova dominância de poder. É a articulação entre base social, partido desta base e orientação estratégica para o poder desta mesma base social que pode construir o devir histórico na luta com uma dominância de uma classe já estabelecida.

Conclusão Classista

As relações entre base social e poder são forças motrizes das dinâmicas políticas e sociais. A consolidação de objetivos estratégicos de poder classista, com o desenvolvimento de ações táticas consequentes para cada nova situação e a construção de uma teoria revolucionária para as condições do presente são fundamentos do êxito da ação em e para a nossa classe trabalhadora. A política é o campo de batalha onde diferentes bases sociais se enfrentam e pelo poder de definir a direção da nação e para fazer a sua história.

18/09/2023

Publicado em: https://emdefesadocomunismo.com.br/base-social-e-poder-relacoes-entre-classes-sociais-disputa-de-poder-e-objetivos-estrategicos/

 

sábado, 7 de maio de 2022

O Significado do Afundamento do Cruzador Moskva - 121


Após o choque com a informação acerca do afundamento da nau capitânia da Marinha Russa no mar Negro, o Moskva no dia 03.04.2022, um grande navio quase sem rival no mundo e com capacidades anti-aéreas de alto nível, como pode ter sido afundado assim de fácil por um ataque ucraniano que nem se estimava que teria estas capacidades?


O Cruzador Moskva-121 foi lançado ao mar em 1979, um projeto dos anos 70, com 12.000 toneladas de deslocamento, em comparação, um Destroier desloca 7.000 T, o porta helicópteros como o navio Atlântico da Marinha Brasileira desloca 22.000 T, ou seja, o Moskva era um navio grande mas não era gigante.


O Cruzador estava armado com uma impressionante bateria de mísseis anti-navios supersônicos, desenvolvidos para furar as defesas dos grupos de batalha da marinha americana e afundar os gigantescos porta-aviões norte-americanos. Ademais possui a versão naval do sistema antiaéreo S300, com 150 km de alcance e era seu principal recurso no ambiente da guerra da Ucrânia.


Acontece que o sistema antiaéreo S-300, mesmo tendo capacidades impressionantes, é pouco efetivo na defesa contra os ataques de mísseis anti-navio que voam muito baixo e só são detectáveis pelo navio quando surgem no horizonte, a uns 20km de distância. Para confrontar um ataque deste tipo o Moskva possuía sistemas de mísseis antiaéreos de curta distância (SA-N-4) e canhões rotativos (AK-630). Para coordenar tudo isto contava com uma eletrônica avançada, sensores de longa distância e sistemas especializados de guerra eletrônica.


A notícia foi disseminada pelo governo Ucraniano, o navio Moskva teria sido atingido por dois mísseis anti-navio subsônicos Neptune e afundou devido às avarias e incêndios decorrentes dessa ação. Não houveram muitos especialistas militares que tomaram a versão ucraniana pelo valor de face, inclusive por que a ogiva do míssil 150kg não seria suficiente para causar danos de tamanha monta em um navio deste tamanho e na pouca fé em relação a operacionalidade e eficiência do sistema ucraniano contra os sistemas de defesa do navio russo.


Mas vamos aos detalhes, o sistema ucraniano Neptune(RK-360) composto por mísseis anti-navio com 280 Km de alcance e uma ogiva de 150kg (adequada para desabilitar navios pequenos e médios), tem sido desenvolvido desde 2015 e segundo informações foi construída e entregue uma bateria de mísseis em Março 2021 à marinha Ucraniana, com capacidade de lançamento a partir da costa, sendo que não foram desenvolvidas as versões para lançamento aéreo nem naval por falta de recursos, ou seja trata-se de um sistema de armas sofisticado que em média demanda 10 anos de desenvolvimento e um grande investimento financeiro em tecnologias  avançadas.


Ainda que o Neptune seja operacional, a possibilidade de que os ucranianos conseguiram lançar uma salva de uns 4 mísseis e estes encontrassem o alvo, vencessem o sistema de defesa de médio e curto alcance do navio e dois deles atingissem de forma tão efetiva que o levassem a pique é um cenário de baixa probabilidade, não obstante como o Moskva acabou no fundo do mar outras hipóteses tem que ser formuladas.


Vejamos que o governo ucraniano não apresentou um vídeo do lançamento dos mísseis Neptune, o que é intrigante, pois a guerra de imagens e propaganda turbinadas pelos sistemas de comunicações ocidentais são o principal recurso da Ucrânia neste conflito e é onde eles têm conseguido vitórias importantes. Teriam os ucranianos lançado seus mísseis nativos com estrondoso sucesso, mas não filmaram nem propagandearam o lançamento? Julgo que a probabilidade deste cenário é baixa também.


Retornando a estrutura do Moskva, relembremos que é um projeto dos anos 70 e a engenharia militar soviética alocava pouca prioridade para a proteção da munição, isto pode ser visto a olho nu quando um tanque de desenho soviético usado pelos dois lados em conflito nesta guerra é atingido por uma arma anti-tanque que consegue furar a blindagem principal, em seguida observa-se uma explosão catastrófica da munição armazenada exposta e sem proteção. Os mesmos princípios de projeto foram aplicados ao Moskva, a munição/mísseis não ficam protegidos por magazines blindados, isto é agravado pela inexistência de sistemas de detecção de combate a incêndio automatizados, o navio era bonito, forte, muito bem armado, mas possuía fragilidades estruturais de sua antiga concepção. Este conjunto explicaria a facilidade como o navio foi mortalmente comprometido com apenas um evento de ataque na versão ucraniana ou acidente como consta na versão russa.


Mas vamos aprofundar o contexto do evento para clarear nossa aproximação do fato histórico. Desde antes do início da guerra, os sistemas de espionagem militar, monitoramento e guerra eletrônica da OTAN liderada pelos Estados Unidos estão focados na Ucrânia, fornecendo informações ao comando e governo ucranianos que tem sido essencial para manter o governo em pé. Sem a maciça ajuda dos EUA/Europa/OTAN é bem alta a probabilidade de que a Ucrânia seria derrotada em poucos dias.


Analistas coincidem quanto à participação dos sistemas da OTAN na identificação da localização e movimentos do Moskva e na coordenação do ataque com mísseis, pois isto seria o cenário de maior probabilidade. Um ataque de sucesso desta monta implica em muitos fatores influentes que são solucionados com a concorrência de múltiplos sistemas e recursos na inteligência, preparação e execução, recursos obrigatórios também devido a distância do navio da costa ucraniana, mais de 100 Km, o que ultrapassa as capacidades dos radares baseados em terra da ucrânia.


A contribuição da OTAN com recursos de inteligência e coordenação das forças ucranianas já é dado como estabelecido, ou seja, a guerra está sendo travada entre a OTAN e a Rússia, com a Ucrânia operando e resistindo na medida dos recursos que o ocidente liderado pelos EUA são enviados e tornados operacionais. Isto explica o sucesso e a alta moral ucraniana pois contam com informações dos satélites e aviões espiões e monitoramento informatizado da NSA dos EUA, da escuta e decodificação da comunicação russa, ademais de mísseis avançados fornecidos pelos EUA/OTAN. Todo este apoio ou sustentação da OTAN é tremendamente efetivo e motivador, não fosse isso o arsenal ucraniano de origem soviético de 30 anos atrás já teria sido liquidado.


Apesar de ser evidente a posse e utilização pelos ucranianos de mísseis anti-carro e anti-aéreos fornecidos aos milhares e gratuitamente pelos EUA/OTAN estimava-se que estas eram as armas mais avançadas e poderosas que estes teriam disposição para entregar à Ucrânia para combater a Rússia.


Interessante notar que já em 25 de março, oito dias antes do ataque ao Moskva já apareciam filtrações de informações acerca da disposição da OTAN e em especial o Reino Unido em fornecer sistemas anti-navio avançados para a Ucrânia, como aponta Jack Buckby em seu artigo: https://www.19fortyfive.com/2022/03/putin-has-a-problem-nato-could-send-anti-ship-missiles-to-ukraine/ , no mesmo dia outra fonte apresentou o mesmo argumento:  Biden Admin Considers Supplying Harpoon Anti-ship Missiles To Ukraine, A Death Blow To Russian Navy – Global Defense Corp. Sendo que no mesmo dia do ataque esta informação passou a ser disseminada mais amplamente por canais na web: https://digitnews.in/on-boarding-great-britain-will-give-ukraine-anti-ship-missiles-harpoon/  e   https://www.ukrinform.net/rubric-ato/3447206-britain-to-send-ukraine-arms-to-protect-odesa-coast.html.


Estas filtrações de informação citam especificamente o sistema Harpoon anti-navio fabricado nos EUA, com alcance de mais de 200Km e uma ogiva de 250Kg, suficiente para navios médios e grandes. Coincidentemente o Harpoon tem aproximadamente o mesmo tempo de emprego do Moskva, mas o míssil tem sido continuamente aperfeiçoado, é um sistema provado, avançado e capaz de vencer defesas navais sofisticadas.


A hipótese de que o Moskva teria sido atingido por dois mísseis Harpoon modernos que ultrapassaram suas defesas e causaram danos catastróficos que levaram ao afundamento do cruzador é de uma probabilidade alta, pois estes mísseis teriam a capacidade de realizar este feito, ao contrário do míssil ucraniano que é mais um conjunto de limitações e interrogações.


Um cenário hipotético da operação de ataque iniciaria a partir do monitoramento do Moskva pelos aviões e sensores da OTAN, principalmente dos EUA e UK, um sistema de lançamento Harpoon a partir de terra composto por uns 3 caminhões, seria despachado de avião da Inglaterra até um país vizinho da Ucrânia, por exemplo, para o aeroporto de Constança na Romênia e seguiria por terra atravessando a fronteira Ucraniana até o sul de Odessa que dista 350 km. Em um ponto do litoral uma equipe de militares ingleses faria o lançamento dos mísseis e retornaria imediatamente para a Romênia, o controle da operação poderia ser facilmente realizado a partir dos aviões de radar, comando e controle da OTAN que também poderiam afetar os sensores do Moskva via guerra eletrônica. Este roteiro é uma operação militar de alguma complexidade, mas que depende principalmente da decisão política do governo inglês liderado por Boris Johnson e seus aliados da OTAN na direção da escalada do conflito com a Rússia.


A atuação dos Estados Unidos em coalizão com vários países europeus são a principal força no teatro político da Ucrânia, desde a construção do golpe de estado de 2014 que derrubou o governo eleito e tem evoluído com apoio cerrado e sustentação do governo ucraniano inclusive no incremento do conflito com a Rússia, agravado pela independência e anexação da Criméia pela Rússia e o movimento autonomista das repúblicas de Lugansk e Donetsk. A Operação Especial ou Guerra da Ucrânia, só fez acirrar a confrontação em curso desde 2014.


A origem histórica da presente guerra vem da expansão da OTAN em direção à fronteira Russa a partir dos anos noventa do século passado, mas os eventos que aparentemente levaram o governo Russo a tomar a drástica, custosa e arriscada medida de atacar a Ucrânia foram o início dos ataques e bombardeios das repúblicas autonomista pela Ucrânia e a declaração do Presidente Zelenski de que seu país iria reconstruir seu arsenal atômico. Nenhum país em situação confronto de baixa intensidade deixaria de responder de uma forma ou de outra a este tipo de movimento de um país fronteiriço. É alta a probabilidade que estes movimentos de Zelenski tenham origem na influência externa sob seu governo.


A resposta dos EUA e da Europa ao ataque russo foram as esperadas, talvez a intensidade é que está surpreendendo. O quadro geral da reação ocidental tem sido duro e contundente. Primeiramente realizando congelamento e sequestro das reservas financeiras soberanas russas que estavam sob guarda dos Bancos Centrais e bancos privados da América e Europa, só isto já é um ato de guerra e guerras totais já foram declaradas a partir deste tipo de sequestro. A segunda reação foi implantar o mais extenso regime de sanções econômicas, diplomáticas e midiáticas contra a Rússia já visto, também é necessário notar que bloqueios e sanções econômicas também são atos de guerra e já serviram de base para o acirramento de conflitos e declarações de guerra total. O terceiro movimento ocidental foi o de fornecer gratuitamente bilhões de dólares em armamento avançado para um dos lados em conflito, este tipo de ação é percebido como engajamento do lado de um país combatente contra o outro e também já serviu de justificativa para guerras. Cito enfim a atuação da OTAN no fornecimento de informações e coordenação das ações táticas das forças ucranianas, a OTAN está na prática comandando as forças em combate da Ucrânia.


Todo este quadro pesado de engajamento político, econômico e militar contra a Rússia não se pode definir como simbólico ou de apoio distante. Os EUA e OTAN estão plenamente engajados na guerra da Ucrânia contra a Rússia e para escalar o nível do conflito só faltaria a OTAN entrar em combate direto e começar a atirar nos russos.

Este é o duro e dramático significado das possíveis causas do ataque e afundamento do principal navio russo no cenário desta guerra.


Bem, tudo isto podemos inferir a distância, mas os russos podem e devem ter muito mais informações para identificar todos os contornos dos eventos do ocaso do Moskva e preparar sua reação. Não seria a primeira vez que vemos operações semelhantes, na guerra da Síria em novembro de 2015, a força aérea turca disparou um míssil a partir da Turquia e derrubou um jato SU-24 russo em território sírio, é alta a probabilidade de este ataque ter sido uma provocação montada pela OTAN contra a Rússia.


De outra parte, o governo ucraniano a cada dia está mais isolado de seu próprio povo, banindo partidos, prendendo a oposição e executando participantes de seu próprio governo que se mostram menos belicosos. Está claro que quem está sustentando definindo as diretrizes e ações do governo são as potências ocidentais que hoje mantêm econômica, política e militarmente o governo em pé - é o governo da OTAN na Ucrânia. E o cerne da política da OTAN é derrotar, desgastar e se possível desestruturar a Rússia, nem que esta guerra dure anos e arrase o país, este objetivo tem que ser atingido até o último ucraniano.


Não temos visto nenhuma liderança nos países ocidentais peleando pela paz, tentando construir algum rumo para desescalada do conflito e montar uma solução de compromisso, na verdade, o bloco pró guerra total parece que só faz aumentar. Acontece que a Rússia é uma potência nuclear e dispõe de 6000 ogivas nucleares e pode fazer uso delas se pressentirem a montagem de um cenário de ameaça existencial ao país.


O governo Russo com Putin na liderança tem confiança e apoio popular e nos 20 anos que acompanhamos seu governo só se viu um governo estratégico que move suas peças com frieza e planos consistentes de longo prazo.


Não se vê perfil semelhante no ocidente, parece que a onda belicosa e militarista está em franco crescimento e tomou todos os governos da OTAN com um competindo com outro pela liderança no acirramento. Seguramente governos ocidentais e seus militares imaginam ou tem certeza que podem vencer uma guerra nuclear com a Rússia e que os custos para sua própria população serão limitados e administráveis, compensando por ter um mundo sem a Rússia ou sem qualquer um que não se subordine ao sistema.


No sentido do processo histórico de longo prazo observamos a reconstrução da Rússia sob Putin como uma potência regional, que faz o jogo dos interesses nacionais no cenário das nações, para consolidar esta posição de autonomia e força, falta vencer uma guerra, o que foi o caso da URSS ao vencer a Grande Guerra Patriótica. Esta deve ser a meta das elites capitalistas governantes do ocidente, impedir uma Rússia forte e não subordinada ao sistema imperialista ocidental com os EUA no topo.


O jogo tem ficado cada dia mais perigoso e a névoa da guerra tende a produzir decisões baseadas em impressões confusas e respostas intempestivas em situações de pressão. Se a confrontação evoluir para eventos como o afundamento do Cruzador Moskva onde pode-se ter informações dúbias ou duvidosas, ou em meio ao tiroteio, a OTAN resolver dar o último passo em direção a guerra contra a Rússia, poderemos ver uma guerra de proporções catastróficas que terá consequências devastadoras para o hemisfério norte, muitas forças estão trabalhando para construir este cenário trágico.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Aquecimento terrestre - Mínimo Solar

Mínimo solar começa e tende a diminuir temperaturas na Terra . https://www.correiodobrasil.com.br/minimo-solar-comeca-tende-diminuir-temperaturas-terra/

Com esses raios cósmicos em alta, cientistas sabem que o Sol está prestes a entrar em um período de resfriamento prolongado. Esse processo solar longo e profundo poderá fazer com que as temperaturas médias da Terra caiam.

 

Por Redação, com Sputniknews – de Moscou

 

Pesquisadores alertam que o mínimo solar chegou – potencialmente o mais longo da história – podendo causar mudanças climáticas caóticas e efeitos indesejáveis para viagens aéreas, devido à alta intensidade de raios cósmicos. Esse processo solar longo e profundo poderá fazer com que as temperaturas médias da Terra caiam.

A atividade solar tende a diminuir nas próximas décadas, com resultados catastróficos para a Terra

Um sinal de que o mínimo solar está em processo é a perda de partículas que o Sol está sofrendo – isso permite que mais fragmentos solares penetrem na Terra, cita o tabloide britânico Express.
Menos calor em um mínimo solar se deve a uma diminuição das ondas magnéticas.

Resfriamento

Essa diminuição nas ondas equivale a um Sol ligeiramente mais frio. Com menos ondas magnéticas vindas do Sol, os raios cósmicos conseguem chegar à Terra com mais facilidade (porque não precisam lutar contra tantos ventos solares), podendo causar sérios impactos para o nosso planeta, inclusive nas viagens aéreas e para o nosso clima.

Com esses raios cósmicos em alta, cientistas sabem que o Sol está prestes a entrar em um período de resfriamento prolongado. Especialistas preveem ainda que o ciclo solar 25 (atual) deve ser parecido com o ciclo solar 24, que foi marcado por um mínimo longo e um máximo de baixa intensidade.

"O Sol continua sendo muito silencioso e tem estado sem manchas solares neste ano mais da metade do tempo à medida que nos aproximamos do que é provável que seja um mínimo solar profundo", afirma ao site Perspecta Weather o meteorologista Paul Dorian.

Era do Gelo

"Um dos impactos naturais da diminuição da atividade solar é o enfraquecimento do vento solar ambiente e do seu campo magnético que, por sua vez, permite que cada vez mais raios cósmicos penetrem no Sistema Solar (…). A intensificação dos raios cósmicos pode ter consequências importantes em coisas como a nebulosidade e o clima da Terra, a segurança de passageiros aéreos e como um possível mecanismo desencadeador de relâmpagos", explica.

O mínimo solar mais longo da história, o Mínimo de Maunder, ocorreu entre 1645 e 1715 e durou incríveis 70 anos. Este fenômeno fez com que as temperaturas caíssem globalmente em 1,3 grau Celsius, além de ter encurtado as estações e gerado escassez de alimentos – tal efeito foi chamado de "Era do Gelo em miniatura".

O site meteorológico Vencore Weather ressalta que "a baixa atividade solar é conhecida por ter consequências sobre as condições meteorológicas e o clima da Terra", além de estar "correlacionada com um aumento dos raios cósmicos que atingem a parte superior da atmosfera".

"O Sol em branco é um sinal de que o próximo mínimo solar está se aproximando e haverá um número crescente de dias sem manchas solares nos próximos anos", complementou.

domingo, 25 de dezembro de 2016

O Melhor Filme Sobre O Movimento OperáRio Em Todos Os Tempos



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Assista No Blogue Do NáUfrago Ao Melhor Filme Sobre O Movimento OperáRio Em Todos Os Tempos
// Náufrago da Utopia



Trata-se de Os companheiros (1963), de Mario Monicelli, com Marcello Mastroianni no papel de um professor militante que vai ajudar os operários de uma indústria têxtil de Turim a realizarem sua primeira greve contra a exploração extrema a que eram submetidos no final do século retrasado. 


Na década de 1960, conheci a fábrica no qual meu pai trabalhou durante a vida inteira (o Cotonifício Crespi, um dos primeiros marcos da industrialização de São Paulo, no bairro paulistano da Mooca) e era praticamente idêntico ao mostrado no filme: enorme, mal iluminado, mal ventilado, com uma poeira sufocante que me fez tossir instantaneamente. Quando assisti a Os companheiros, logo me ocorreu que era enorme o atraso brasileiro, a ponto de nossas indústrias se parecerem tanto com as da Europa de quase sete décadas atrás.




Outra lembrança marcante é a de que, quando nossa Frente Estudantil Secundarista começou a pegar no breu em 1968, negociei com o cinema de arte Bijou (na praça Roosevelt, centro de São Paulo) a realização de sessões de Os companheiros nas manhãs de domingo. Exibíamos o filme para os jovens recrutas e promovíamos rápidos debates no final, como parte do programa de conscientização política. 


Aproveito para incluir a apresentação deste filmaço no excelente blogue português My Two Thousand Movies, do meu amigo virtual Francisco Rocha:  


O cenário é uma fábrica têxtil em Turim, no final do século XIX. Cerca de 500 trabalhadores suportam turnos de 14 horas, debaixo de situações extremas, desde o calor, poeira, o perigo de sofrer um acidente de trabalho, e são mal pagos. Um dos trabalhadores fica com a mão mutilada por uma máquina, situação que serve de impulso para que os outros, pelo menos, pensem mudar as condições de trabalho. 




Talvez graças à sorte ou ao destino, um professor e socialista chamado Sinigaglia (Marcello Mastroianni) está de passagem pela cidade (em fuga de crimes políticos), e oferece uma ajuda na organização dos trabalhadores. Segue-se uma greve, que se arrasta por várias semanas, testando a vontade dos trabalhadores...


Esta sinopse faz o filme parecer mais um melodrama sobre as más condições das classes trabalhadoras. Na realidade, é muito mais do que isso, e o que o faz ser tão brilhante e surpreendente é a forma como é apresentado, tornando-o também numa obra de entretimento. 

Além da tragédia, também há um pouco de romance, comédia, farsa, comentário social. O argumento e o trabalho de realização fazem um trabalho magistral, ao desenvolver várias personagens em vários sub-plots numa história bastante multidimensional. 


A maioria dos filmes politicamente orientados são polêmicos, o que por vezes os distancia do grande público. I Compagni é tão envolvente, tão animado, tão cheio de personagens vibrantes, que o aspecto da mensagem da história funciona a um nível quase sublimar.


Mario Monicelli (mais conhecido no território da comédia) e o produtor Franco Cristaldi tiveram de ir até à Iugoslávia para encontrar uma fábrica em pleno funcionamento, com as suas dezenas de teares movidos por um motor a vapor, e ativados por eixos de transmissão. O edifício da fábrica parece um acidente prestes a acontecer. Com figurinos e cenários tão rigorosamente preparados e um look típico do século XIX a ser muito bem mantido, desde os quartos baratos alugados pelo trabalhadores, aos restaurantes chiques onde Niobe (Annie Girardot) encontra os seus clientes.



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O Filme Definitivo Sobre "O Pinochetazo".



Assistam Ao Filme Definitivo Sobre O Pinochetazo. é De Arrepiar!
// Náufrago da Utopia



Chove sobre Santiago (Il pleut sur Santiago, 1975) é um filme superlativo, simplesmente obrigatório para quem quer entender o ciclo das ditaduras direitistas instaladas na América Latina, com beneplácito estadunidense, nos anos 60 e 70. 


Mostra o desencadeamento do  pinochetazo no dia 11 de setembro de 1973, seus antecedentes desde a vitória eleitoral da Unidade Popular (incluindo o acalorado debate no seio das forças direitistas, sobre a aceitação ou não do veredicto das urnas), as realizações do novo governo, a escalada de sabotagem que foi sofrendo, o golpe e o banho de sangue subsequente.


A opção pelo drama histórico  (ao invés de um simples documentário) foi felicíssima: o diretor chileno Helvio Soto conseguiu prender a atenção dos espectadores com uma narrativa tensa, contundente e emocionante, sem prejuízo dos aspectos didáticos do filme, que se propunha a esclarecer o mundo sobre o que realmente aconteceu no Chile.


É de arrepiar a sequência do assassinato do grande Victor Jara num estádio de futebol utilizado como centro de detenção de milhares de prisioneiros políticos. Desafiado pelos militares golpistas a cantar para seu público lá presente, ele ousadamente o fez, até ser morto (não a coronhadas, como se dizia na época em que o filme foi feito, mas a tiros, tendo uma autópsia efetuada em 2009 constatado marcas de 44 disparos --as mãos, sim, foram esmagadas pelas coronhas dos soldados). 


Idem a do enterro do Prêmio Nobel de Literatura Pablo Neruda, de câncer de próstata e muito mais de desgosto, dez dias após o golpe. É difícil conter as lágrimas ao vermos os acompanhantes, em meio a todo aquele desalento e intimidações, no auge do terror fascista, terem forças e coragem para gritar: "Companheiro Neruda? Presente! Agora e sempre!".




Idem a do último discurso de Allende, consciente de que a morte era inevitável, depois de ter recusado a oferta de lotar um avião com seus seguidores mais próximos e partir para o exterior.


O título do filme é a senha utilizada pelos golpistas para informar a seus cúmplices do país inteiro que era aquele o momento de estuprar as instituições. As rádios noticiavam a cada momento que chovia sobre Santiago, embora tal não estivesse ocorrendo.


Destaque para as magníficas atuações dos atores consagrados que colaboraram solidariamente para a viabilização do projeto de Soto -- Jean-Louis Trintignant, Bibi Andersson, Annie Girardot, Riccardo Cucciolla e Bernard Fresson, dentre outros-- e para as músicas inspiradíssimas de Astor Piazzola.


Recomendo fortemente aos leitores que não deixem de ver Chove sobre Santiago, mesmo com uma qualidade de imagem menos satisfatória que da habitual. 


E, para quem quiser saber mais sobre o sangrento golpe de estado que extirpou um dos mais belos experimentos socialistas de nosso continente, recomendo este esclarecedor artigo do repórter e documentarista australiano John Pilger.

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A imagem não é das melhores, mas vale a pena assistirmos mesmo assim.



Convidamos para a apresentação do livro "Como Vencer na Grande Política: Classes sociais e suas lutas"

Livraria Vertov Sábado - 15/06/24 - 14hs Rua Visconde do Rio Branco, 835 - Curitiba-PR