quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Rescaldo do Campo de Batalha do General Palocci

Urge fazer uma análise política do caso Palocci, é da história que se prepara o futuro.

 

Existem várias lógicas políticas no evento, vamos avaliar o que passou.

 

Primeiro a situação do fato, Palocci foi denunciado pela Folha de São Paulo, com base em sua renda legal e declarada, pode haver um sem número de ilegalidades,  imoralidades, uso de influências, acordos ocultos, o que seja, mas a Folha, e toda a mídia conservadora jamais apontou qualquer indício ou prova, apenas ilações.

 

Há de se convir que para os donos e editores das grandes empresas jornalísticas, os atos do Palocci jamais teriam qualquer reprovação moral ou comportamental, muito pelo contrário, é o padrão de ação de classe social/empresarial.

 

Ademais Palocci não tem por que ser o alvo primordial do campo conservador, era justamente ele o "guardião da racionalidade do governo do PT", o ataque então não foi ao Ministro, foi ao Governo, foi contra a Dilma.

 

O cenário conjuntural deve ser relevado.

 

Dilma estava peitando as alterações do Código Florestal, foi imediatamente após o a prorrogação da votação do Código na Câmara que iniciou-se o ataque. Palocci agia sob as ordens da Dilma na articulação da votação.

 

Iniciado o ataque qual foi a resposta, nada mais que o acanhamento constrangido, daí foi fácil para a oposição.

 

A resposta imediata deveria ser o enfrentamento duro e consistente, levantar o tom para a presunção de inocência, para transferir o ônus da prova ao acusador, fazer desmonte de uma estratégia de assassinato de reputação, denunciar  a construção de rumores, boatos e desconfianças.

 

Só que o responsável por esta resposta imediata era o próprio Palocci, aí ferrou, Lula diria que o jogador é bom no meio de campo e na armação, mas ruim demais na defesa.

 

O Partido também teria que tomar a frente de um enfrentamento de uma armação política, mas desde 2005 que as respostas do partido são acanhadas.

 

A resposta tinha que envolver um contra-ataque imediato, lembremos que a poucos dias o líder da oposição foi apanhado bêbado dirigindo, em um carro de luxo aparentemente a ponta de um vasto patrimônio oculto e não declarado. Ao invés disto os pruridos morais e éticos contra o Palocci prevaleceram.

 

A segunda linha de defesa é focar no objetivo final do ataque, se o Código Florestal e a imagem do Governo estavam no interesse do atacante, cabia a Dilma levantar sua tropa e contratacar, valer-se de sua liderança em começo de governo por um tema sensível para a opinião pública - preservação de florestas - e comandar um ataque de flanco e consolidar uma vitória que teria impacto por todo o resto de seu Governo.

 

Bem, o Governo ficou paralisado, até porque o ataque havia sido preciso, abateu o centro político, a Casa Civil.

 

A estratégia midiática-oposicionista foi vitoriosa, ganhou a batalha, a provou que a arma funciona.

 

E foi fácil, desarmou todo mundo, inclusive o partido de sustentação do Governo, não precisou nada mais que olhar o Imposto de Renda legal e regular de um importante membro do Governo, montar um teatro de escândalo e indignação e contabilizar a vitória, a oposição nem necessitou aparecer e ter o desgaste de atacar sem provas, coisa que fez muito contra Lula e viu que as vezes se perde mais que ganha.

 

Claro que as mesmas artimanhas serão usadas e reusadas nos próximos anos, interessa saber se o Governo e seu partido darão outro tipo de resposta, a doutrina operacional provada mostrou-se insuficiente, assim como os comandantes de campo.



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